O mercado dos veículos eléctricos tem vindo a crescer em competitividade, o que é bom, especialmente para os clientes, que cada vez têm mais modelos por onde escolher. Simultaneamente, mais concorrência traz muitas vezes preços mais acessíveis, o que é válido para telemóveis, casas e até automóveis. Daí que quando a Tesla reduziu o preço de venda dos Model 3 e Model Y, entre 3000€ e 13.000€, o que os tornou mais atractivos, obrigou a concorrência a reagir, ou acompanhando a baixa de preços ou, potencialmente, arriscando perder competitividade. Mas o novo CEO da Volkswagen, Oliver Blume, anunciou numa entrevista ao jornal germânico Frankfurter Allgemeine que a estratégia da VW no que respeita aos preços se manterá firme.
O corte operado pela Tesla pode explicar-se pela necessidade de escoar uma maior quantidade de veículos, uma vez que vendeu 499 mil unidades em 2020, valor que subiu para 936 mil unidades em 2021, 1,3 milhões em 2022 e, espera o construtor, para 1,8 milhões em 2023. Associada ao incremento de produção, a redução dos custos e do tempo de produção, graças às Gigapress da IDRA, permitiu-lhe ganhar oito vezes mais por veículo do que a gigante Toyota, segundo a publicação económica japonesa Nikkei Asia.
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A Ford foi a primeira a acompanhar os cortes da Tesla, baixando os preços do Mustang Mach-E entre 600 e 5900 dólares, mas limitou esta estratégia aos Estados Unidos da América, deixando de fora os mercados europeus e chinês, ao contrário da sua rival. Outros construtores aguardam para analisar a evolução das vendas, para ver até que ponto os clientes reagem favoravelmente aos preços inferiores, fazendo disparar a procura das marcas mais agressivas comercialmente, com a Reuters a afirmar que Tesla está a utilizar os seus lucros como arma na guerra de preços.
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Na entrevista ao jornal alemão, Oliver Blume afirmou que a VW acredita que as marcas que mexem nos seus preços, para cima ou para baixo, perdem credibilidade e podem entrar numa espiral que deteriore os lucros. O CEO da VW avançou ainda que pretende ser um dos líderes na produção de veículos eléctricos e em software, mas não a qualquer preço para a empresa. Blume aproveitou para criticar durante a entrevista o seu antecessor, Herbert Diess, por tentar transformar a VW numa empresa tecnológica e não conseguir cumprir os prazos para o desenvolvimento do novo software, o que atrasou o lançamento de alguns modelos eléctricos.
Independentemente da estratégia defendida agora pelo CEO, importa saber como vão reagir os clientes nos próximos meses, uma vez que ninguém gosta de reduzir preços, a menos que não exista outra solução para continuar a vender todas as unidades que produz. E o ID.4 com 204 cv e bateria de 77 kWh é agora proposto na Alemanha por 48.635€, mais 3745€ do que o Model Y equivalente da Tesla.