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Da agenda oficial do Presidente dos Estados Unidos só constava uma visita à Polónia, mas a semana começa com um desvio de Joe Biden para uma viagem surpresa à capital da Ucrânia. A visita, repleta de simbolismo, é feita a poucos dias do primeiro aniversário da guerra em território ucraniano.

Biden, com uma gravata com as cores da Ucrânia, foi recebido por Zelesnky na capital e por vários membros do Governo do país. Não foi a primeira visita do Presidente norte-americano à Ucrânia, como fez questão de lembrar, mas foi a primeira vez que se deslocou ao país neste contexto de guerra.

Em declarações conjuntas após a reunião, o Presidente ucraniano classificou as negociações entre os dois países como “frutíferas e cruciais”. O líder ucraniano falou antes de Biden, garantindo que a conversa “definitivamente terá efeitos no campo de batalha”. Transmitiu ainda que durante o encontro falaram também sobre armamento, incluindo “armas de longo alcance”.

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“Esperamos que este ano de 2023 seja um ano de vitória contra esta agressão não provocada e criminosa contra a Ucrânia”, sublinhou Zelensky, que deseja que este seja o último ano do conflito, congratulando-se pela “visão comum” que Ucrânia e Estados Unidos partilham. “Na Ucrânia, o destino da ordem internacional está a ser decidido. Em conjunto com o Presidente Biden, os nossos aliados e parceiros, continuamos a fazer todos os possíveis para que o mundo democrático vença esta luta histórica”, continuou Zelensky.

Zelensky deixou ainda um sinal claro de que espera indemnizações russas quando a guerra terminar. “A reconstrução e a recuperação da justiça também são importantes e o agressor deve assumir a responsabilidade pela agressão e reembolsar os danos causados”. “Gostaria que os Estados Unidos se envolvessem na implementação do nosso plano de paz, porque isso representaria um reforço da estabilidade global e da previsibilidade das relações internacionais”, partilhou Zelensky.

Durante estas declarações conjuntas, ambos recordaram o telefonema que tiveram no primeiro dia da invasão. “Faz um ano esta semana [desse telefonema], era muito tarde em Washington e muito cedo aqui na Ucrânia”, recordou Joe Biden, partilhando que Zelensky disse que “ouvia as explosões ao fundo e que o mundo estava prestes a mudar”.

Biden detalhou que, nessa ocasião, perguntou o que podia fazer pela Ucrânia. “Respondeu-me que queria que juntasse todos os líderes do mundo e pedisse que ajudassem a Ucrânia. E disse que não sabia quando podíamos voltar a falar.”

“Naquela noite escura, há quase um ano, o mundo estava a preparar-se para a queda de Kiev (…) talvez até para o fim da Ucrânia.” Mas, ao fim de quase um ano, “Kiev continua de pé, a Ucrânia continua independente e a democracia prevalece”.

Nesta visita simbólica, que é a sétima de Biden a Kiev, contando as deslocações que fez enquanto vice-Presidente dos EUA, garantiu que os Estados Unidos continuam a apoiar a Ucrânia e, para firmar esse ponto, anunciou um apoio monetário de 500 milhões de dólares (468 milhões de euros). Ficou ainda a promessa de um novo pacote de sanções, “que é esperado para esta semana”.

Destacando que esta “é a maior guerra na Europa em três quartos de século” e os ucranianos “estão a ser bem-sucedidos, contra todas as expectativas”, exceto as deles próprios, Biden disse que existe a “confiança de que [a Ucrânia] vai continuar a prevalecer” e classificou como “impressionante” a forma como o povo ucraniano tem respondido.

Nos EUA, frisou Biden, “o povo americano sabe o que é importante e que uma agressão não provocada é uma ameaça para todos nós”, garantindo que há vontade de continuar a apoiar o país. “Todo o mundo está unido para ajudar a Ucrânia a defender-se.”

“O objetivo da Rússia era eliminar a Ucrânia do mapa, mas isso está a falhar”, insistiu. “A Rússia perdeu metade do território que já tinha sido ocupado”, sublinhou o líder norte-americano, lembrando que “a economia da Rússia está isolada e a sofrer as consequências”.

“Putin achava que a Ucrânia era fraca e que o Ocidente estava dividido. Mas continuamos juntos. Esperava que não conseguíssemos manter a NATO unida e contava que não conseguíssemos pôr mais países do lado da Ucrânia. Acho que agora não pensa isso. Não sei o que é que ele pensa, mas seguramente não é isso.” Para Biden, “Putin está simplesmente errado e um ano depois a prova está aqui nesta sala, onde estamos todos juntos.”

Joe Biden recordou também as palavras de Zelensky perante o Congresso norte-americano, quando no final do ano passado visitou Washington, naquela que foi a primeira vez desde o início da guerra em que o ucraniano se deslocou ao estrangeiro. “Disse ao Congresso que não tinha medo e que ninguém podia ter medo nunca. Senhor Presidente, você e todo o povo ucraniano lembram ao mundo todos os dias o que significa ter coragem. Todos os setores da economia, a própria vida, é impressionante.”

Biden frisou ainda que o povo ucraniano recorda a todos “que a liberdade não tem preço”, sublinhando que os EUA vão continuar a apoiar a Ucrânia “enquanto for preciso.”

Zelensky agradece a Biden por liderar apoio à Ucrânia: “Juntos caminhamos em direção a uma vitória comum”