“Sim, claro que os oligarcas mandam na Rússia. Mas adivinhem? Também mandam nos Estados Unidos“. O aviso é lançado pelo senador norte-americano Bernie Sanders, que por duas vezes foi pré-candidato às eleições presidenciais dos Estados Unidos e promete agora apoiar uma hipotética recandidatura de Joe Biden.
As declarações de Sanders, que está bastante mais à esquerda do que Biden no espetro político e recolheu apoios entre setores de jovens antes de se retirar da corrida presidencial em 2020, foram feitas numa entrevista ao The Guardian, a propósito do seu novo livro “It’s OK to Be Angry About Capitalism” (em tradução livre, algo como “É OK estar zangado com o capitalismo”).
Mas Sanders vai mais longe. No livro, quer explicar como o domínio dos oligarcas não se fica pela Rússia, nem sequer pelos Estados Unidos. “Na Europa, no Reino Unido, por todo o mundo, estamos a assistir a um pequeno número de pessoas incrivelmente ricas a gerirem as coisas a seu favor. Uma oligarquia global. Este é um problema de que é preciso falar”.
Tendo desistido da corrida presidencial de 2020, Sanders tem, ainda assim, conseguido exercer alguma influência junto de Biden. Ao jornal britânico, diz acreditar que o Presidente em funções se recandidatará em 2024 — e, nesse cenário, irá apoiá-lo (embora não esclareça o que fará se Biden não avançar).
E responde a quem diz que Biden já terá uma idade demasiado avançada para tentar a reeleição (Biden tem agora 80 anos e Sanders 81): “A idade é sempre um fator, mas há mil fatores. Algumas pessoas com 80 anos têm mais energia do que outras com 30. Espero que lutemos contra o preconceito relativamente à idade com a mesma força com que lutamos contra sexismo, racismo ou homofobia. (…) Há muitas pessoas mais velhas com muita experiência que são capazes de fazer um grande trabalho”.
Na mesma entrevista, Sanders, que é agora o responsável pela comissão de saúde, educação, trabalho e pensões do Senado norte-americano, fala da proximidade que tem tido com o Presidente dos EUA, apesar das diferenças políticas que o separam do “muito mais conservador” Biden. “Entendermo-nos foi a) a coisa certa a fazer e b) boa política. Se és um tipo inteligente e queres ganhar uma eleição, porque é que não havias de te sentar e trabalhar de perto com a pessoa que ficou em segundo lugar? Os resultados não foram tão longe como eu gostaria, mas há ideias sólidas que foram incorporadas, nalguns casos, nas políticas do governo”. Agora três anos depois de ter desistido da corrida presidencial, Sanders visita regularmente a Casa Branca e conversa com Biden — incluindo sobre as ideias políticas que explorará no seu livro novo.