As rendas das habitações em Macau caíram 12,8% no ano passado, sobretudo devido ao desemprego no território chinês, mas deverão voltar a subir, entre 5% e 10% em 2023, avançou esta quarta-feira a imobiliária JLL.
O diretor-geral da JLL para Macau e Zhuhai, Oliver Tong, apontou como fatores na queda do valor das rendas a subida do desemprego e a partida de milhares de trabalhadores sem estatuto de residente, “grandes contribuidores” para o mercado do arrendamento.
De acordo com dados oficiais, a região chinesa perdeu quase 16.200 trabalhadores não-residentes ao longo de 2022, enquanto a taxa de desemprego entre outubro e dezembro fixou-se em 3,5%, mais 0,4 pontos percentuais do que no final de 2021.
A queda das rendas é uma “grande razão para alarme”, disse Tong numa conferência de imprensa, alertando para “o elevado risco” de não pagamento de hipotecas imobiliárias para o sistema bancário de Macau.
O crédito vencido nos bancos de Macau atingiu um novo recorde em dezembro, 19,4 mil milhões de patacas (2,25 mil milhões de euros), mais 32,8% do que no mês anterior, de acordo com dados oficiais.
“O mercado imobiliário de Macau deverá recuperar com mais transações de arrendamento residencial face à reabertura das fronteiras”, disse Oliver Tong.
Tal como a China continental, Macau, cuja economia depende do turismo, abandonou em meados de dezembro, após três anos, a política de “zero Covid”, com a imposição de quarentenas e testagem massiva.
No entanto, Tong alertou que a situação do emprego “não vai melhorar do dia para a noite” e que as taxas de juro “deverão continuar a um nível elevado a curto prazo”.
A Autoridade Monetária de Macau anunciou em 05 de fevereiro uma nova subida da principal taxa de juro de referência para 5%, o nível mais alto desde dezembro de 2007.
O relatório da JLL estima, por outro lado, que o valor das habitações em Macau caiu 10,1% em 2022, porque “os investidores e potencial compradores tenderam a ser cautelosos face à crise económica”.
“O preço das habitações só voltará a uma tendência de crescimento no próximo ano ou mais tarde”, disse Oliver Tong, que prevê uma escassez de nova oferta residencial privada “a curto e médio prazo”.
O analista acrescentou que a oferta de habitação será “dominada por habitação pública”, dando como exemplo o chamado Novo Bairro de Macau, em Hengqin (Ilha da Montanha), que deverá ser posto à venda este ano.
Também as rendas de lojas em Macau caíram 15% em 2022, devido ao impacto da pandemia de Covid-19, “uma economia fraca e queda na procura por parte dos consumidores”, referiu o relatório da JLL.
No entanto, Oliver Tong disse esperar uma recuperação entre 10% e 15%, nas rendas das lojas, uma vez que os turistas têm regressado a Macau “mais rapidamente e em maior número do que o esperado”.
Mais de um milhão de turistas visitaram a cidade em janeiro, numa subida de 101,3% em termos anuais e de 259% em termos mensais, de acordo com dados oficiais divulgados na segunda-feira.
Os relatórios da JLL, divulgados duas vezes por ano, são a única fonte credível de informação sobre os preços das rendas imobiliárias em Macau, uma área sobre qual a Direção do Serviço de Estatísticas e Censos não recolhe dados.