Morreu esta sexta-feira de manhã, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, o histórico locutor de rádio e ator Ruy Castelar.

De acordo com a Rádio Comercial (de que foi figura de proa durante as décadas de 1980 e 1990), que avançou a notícia, Ruy Castelar estaria internado naquela instituição desde o fim de semana passado, altura em que terá sofrido uma queda. Tinha 90 anos. Deixa duas filhas, a também atriz Paula Castelar (que começou na rádio, justamente ao seu lado) e Sandra Castelar.

A morte do locutor, que em 1991 ficou em primeiro lugar num concurso de popularidade nacional promovido pela Rádio Comercial e que antes disso já tinha sido distinguido com o “Microfone de Ouro” do Rádio Clube Português, está a ser lamentada por colegas e público nas redes sociais.

Nascido em 1932, em Lisboa, Ruy Castelar cresceu com o sonho de ser ator mas acabou a sair do Instituto Industrial de Lisboa direto para a Marinha de Guerra.

Na altura tinha 18 anos, acedeu à vontade do pai e acabou a formar-se em Engenharia de Máquinas Navais — e a dar várias voltas pelo mundo, sempre embarcado. Numa das paragens que fez, nos Açores, descobriu a vocação por que seria reconhecido durante décadas e deu o pontapé de partida para uma carreira que viria a prolongar-se durante mais de 50 anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Dos microfones do Rádio Clube de Angra, na Terceira, Ruy Castelar passou em 1963 para os do Rádio Clube Português, onde, fazendo jus ao fascínio que, dizem todos os que o conheceram, tinha pela noite, foi anfitrião dos programas “Meia Noite”, “Sintonia 63” e “A Noite é Nossa”.

Mais tarde, na Rádio Comercial, mudou de horário e foi locutor de “Fantástico” e “Clube da Manhã”. Na RDP Internacional, onde passou os últimos anos da carreira, voltou às noites, com “Meia Noite e uma Guitarra”, e teve um programa em nome próprio, dedicado à música portuguesa, brasileira e africana.

Pelo meio, cumpriu também o sonho de ser ator — e fê-lo no teatro, onde foi encenado por outro histórico, Francisco Ribeirinho; no cinema, onde participou no clássico “Os Verdes Anos” em 1963 e, dois anos mais tarde, partilhou a tela com Tony de Matos e António Calvário, como o mecânico de “Rapazes de Táxis”; e também na televisão, onde, até 2011, teve pequenos papéis em novelas, como “Olhos de Água”, “Saber Amar”, “Anjo Selvagem” e “Remédio Santo”.