Estados Unidos, Austrália e Reino Unido vão cooperar na produção de uma nova geração de submarinos, o SSN-AUKUS, e a marinha australiana será equipada com três submarinos nucleares de fabrico norte-americano, anunciou esta segunda-feira a Casa Branca.
As embarcações militares SSN-AUKUS, movidas a energia nuclear e armadas convencionalmente, envolverão “investimentos significativos” dos três países, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, em declarações aos jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.
Sullivan divulgou também esta segunda-feira que a Austrália vai comprar três submarinos movidos a energia nuclear da classe Virginia dos EUA, com opção de compra de mais dois.
Estes submarinos devem ser entregues a partir de 2030, como parte da nova aliança militar AUKUS que junta Estados Unidos, Austrália e Reino Unido e que foi formalizada em setembro de 2021.
O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, estão reunidos esta segunda-feira numa base naval em San Diego para formalizar este projeto, que suscitou mal-estar com a França, quando foi anunciado há 18 meses, e críticas por parte da China, que luta também por influência na região do Indo-Pacífico.
Este programa decorrerá em três fases, noticiou a agência France-Presse (AFP).
Primeiro, haverá uma fase de familiarização da Austrália – que não possui submarinos movidos a energia nuclear, nem tecnologia nuclear, seja militar ou civil – com estes equipamentos, através do “treino de marinheiros, engenheiros ou técnicos”, especificou Sullivan.
O objetivo é ter “implantações” de submarinos norte-americanos e britânicos na Austrália durante a década, frisou. Numa segunda etapa, a Austrália vai comprar então até cinco submarinos nucleares norte-americanos.
Por fim — na terceira e mais ambiciosa etapa do programa — Estados Unidos, Austrália e Reino Unido vão unir forças para uma nova geração de submarinos, denominados SSN-AUKUS.
Os submarinos movidos a energia nuclear são difíceis de detetar, podem viajar grandes distâncias por longos períodos de tempo e podem transportar mísseis de cruzeiro sofisticados.
Este programa representa para os Estados Unidos “um compromisso ao longo de décadas, e talvez até de um século”, sublinhou o conselheiro nacional de segurança. O objetivo, garantiu, não é “ir para a guerra” mas “dissuadir qualquer conflito”.
Questionado repetidamente sobre as críticas da China, Sullivan assegurou que Washington já tinha levantado esta assunto diretamente a Pequim e não apanhou ninguém de surpresa.
Estamos muito tranquilos quanto à forma como concebemos a aliança AUKUS”, assegurou Jake Sullivan, para quem o objetivo dos Estados Unidos é garantir “a paz e a estabilidade na região do Indo-Pacífico”.
Apesar da nova parceria militar ser ambiciosa, esta já resultou em contratempos.
A aliança AUKUS levou à rescisão por Camberra do contrato de aquisição de 12 submarinos franceses, o que levou em 2021 a uma crise diplomática, com a França a apontar “traição”.
Desde então, o caso foi resolvido, através de intensas manobras diplomáticas, incluindo uma visita de Estado do Presidente francês Emmanuel Macron aos Estados Unidos, no início de dezembro
A indignação da França deu principalmente lugar às críticas da China, que está num braço de ferro com os Estados Unidos pela influência económica e estratégica no Indo-Pacífico.
Ainda antes dos anúncios da aliança AUKUS, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês apelou aos três países para que “abandonem a mentalidade da Guerra Fria” e “façam mais coisas para encorajar a paz e a estabilidade regionais”.