O governo italiano responsabilizou diretamente o grupo de mercenários russos Wagner, que tem presença em África, de estarem a promover uma vaga migratória em direção a Itália como retaliação pelo apoio de Roma a Kiev na guerra da Ucrânia.

Num comunicado divulgado segunda-feira, o ministro da Defesa, Guido Crosetto, classificou a estratégia como uma forma de “guerra híbrida”, segundo a agência Reuters.

Creio que é seguro dizer que o aumento exponencial no fenómeno migratório a partir da costa de África é também, com uma dimensão significativa, parte de uma estratégia clara de guerra híbrida que a divisão Wagner está a aplicar, usando o seu peso considerável em alguns países africanos”, afirmou o ministro.

O governo italiano, liderado pelo partido anti-imigração de Georgia Meloni, tem enfrentado um aumento significativo na chegada de migrantes ao longo deste ano — cerca de 20 mil, mais do triplo do registado no período homólogo do ano anterior, de acordo com o The Telegraph.

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O grupo Wagner, que tem ligações ao Kremlin, regista forte presença em vários países africanos, como a Líbia, o Mali e a República Centro-Africana.

As declarações de Crosetto foram reforçadas pelo ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani. Durante a sua visita de Estado a Israel, Tajani falou à agência de notícias italiana Ansa sobre o tema, dizendo que muitos dos migrantes que chegam neste momento a Itália vêm de regiões “controladas pelo grupo Wagner” em África.

Em reação, o líder da Wagner, Yevgeny Prigozhin, deixou uma mensagem no Telegram. “Não temos qualquer ideia do que se passa com a crise de migrantes, não nos preocupamos com isso”, afirmou, numa mensagem marcada por vários palavrões.