O PS rejeitou esta quarta-feira a audição da ministra da Justiça e do Secretário de Estado do Desporto, requerida pelo Chega, sobre a naturalização de atletas, como o campeão olímpico de triplo salto Pedro Pichardo.

O requerimento foi rejeitado com o voto contra do PS e a favor de PSD e Chega, os únicos partidos presentes no momento da votação, que ocorreu na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Chega chama ministra da Justiça ao Parlamento para responder por processo de naturalização de Pedro Pichardo

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Pelo Chega, o líder parlamentar, Pedro Pinto, defendeu que o atleta Nelson Évora proferiu “afirmações graves” em relação ao processo de naturalização de Pedro Pichardo, considerando que a comissão “não se pode alhear destas declarações“.

Alexandra Leitão, do PS, contrapôs que está em causa “um desentendimento entre atletas“, uma “questão circunscrita e pessoal” sem “consequência sistémica” e citou a Lei da Nacionalidade.

Existe uma norma na Lei da Nacionalidade que permite um abreviar dos procedimentos quando as pessoas tenham, e cito, ‘prestado ou sejam chamados a prestar serviços relevantes ao estado português e à comunidade nacional'”, disse.

Este pedido de esclarecimentos surge na sequência da polémica entre Nelson Évora, campeão olímpico do triplo salto em Pequim2008, e Pedro Pichardo, ouro na mesma disciplina em Tóquio2020, em que o primeiro, em entrevista à rádio Observador, disse que o atleta que nasceu em Cuba tinha sido comprado, contestando ainda a rapidez no seu processo de naturalização, em contraponto com o seu.

Nelson Évora: “Pichardo foi comprado para ter resultados a curto prazo”

Entretanto, Pedro Pichardo, que detém o recorde nacional nesta disciplina, acusou Évora de lhe faltar ao respeito.

O PS também se posicionou contra um outro requerimento, apresentado pela Iniciativa Liberal, que pretendia audição do ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, “sobre os atrasos na criação da APMA [Agência Portuguesa para as Migrações e Asilo] e os potenciais riscos para a segurança do Estado que a indefinição em torno do SEF suscita nesta fase”.

Os liberais queriam também ouvir o presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, “a propósito dos alertas que fez sobre a insegurança em torno das Jornadas Mundiais da Juventude”.