O ex-ministro das Finanças, João Leão, considera que na privatização da TAP deve ser evitado o grupo IAG, que integra a Iberia e a British Airways, para que o hub não saia de Lisboa.

“Para proteger o hub de Lisboa convém evitar o grupo da Iberia e da British Airways [integradas no IAG]”, uma vez que, no entender do ex-ministro das Finanças “haveria risco do hub de Lisboa desaparecer e os voos serem deslocalizado para Madrid”. É por isso que afirma que “o ideal seria um grupo como o da Lufthansa ou o da Air France já que haveria menor risco de colocar em causa o hub de Lisboa”, declarou ao programa Direto ao Assunto, na Rádio Observador.

João Leão: “BCE devia ter feito uma pausa”

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Vivendo num setor “altamente competitivo, em que existem muitas empresas europeias muito relevantes”, “é importante para a TAP estar inserida num grande grupo europeu”, diz o ex-ministro que, no entanto, defende que o Estado mantenha uma posição estratégica na empresa.

“É importante para a TAP e para Portugal conseguir manter a importância do hub de Lisboa, que dá uma grande centralidade a Lisboa e ao país nas suas ligações ao Brasil, África e EUA e torna Portugal e Lisboa mais atrativa para investir e viajar. É muito importante”, realça, admitindo que “privatizar a TAP é um exercício difícil”.

A TAP para sobreviver tem de ser rentável e eficiente, até porque o Estado está impedido de colocar mais dinheiro na companhia, “e isso aconselha que seja parcialmente privatizada e integrada num grupo europeu”, ainda que “interesse manter o interesse estratégico do Estado português na TAP para garantir que o hub português e Lisboa se mantém, porque é muito importante para as condições de atratividade da economia portuguesa. Se hub de Lisboa desaparece então Portugal perde boa parte da sua atratividade e capacidade de atrair turistas e negócios”.

João Leão não soube que Alexandra Reis tinha colocado lugar à disposição

João Leão garante que não teve conhecimento que Alexandra Reis tinha colocado lugar à disposição dias antes de começar a negociar a saída da TAP, o que poderia impedir que acabasse por receber uma indemnização quando a CEO da transportadora, Christine Ourmières-Widener, decidiu que a administradora tinha de sair.

Alexandra Reis pôs cargo à disposição de Pedro Nuno dias antes de este dar luz verde à TAP para negociar a sua saída

João Leão ainda estava no Terreiro do Paço quando Alexandra Reis, a 29 de dezembro de 2021, enviou um email a Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, com conhecimento de Miguel Cruz (então secretário de estado do Tesouro de João Leão) e de Hugo Mendes (secretário de Estado das Infraestruturas), a colocar o lugar à disposição. O ex-ministro admitiu à Rádio Observador que esse email possa ter existido, mas “eu próprio não tive conhecimento” e reafirma que não teve conhecimento da indemnização. “Depois nunca soube da indemnização a Alexandra Reis” e, segundo João Leão, “os principais responsáveis da TAP confirmaram isso”. Mas, acrescenta, a TAP devia ter informado o Ministério das Finanças, devia ter pedido autorização para a substituição e o assunto devia ter ido à assembleia-geral.