António Costa instou o Banco Central Europeu a ser “muito prudente” quanto à sua política monetária, e revelou-se . Numa breve conferência de imprensa à saída da reunião do Conselho Europeu desta sexta-feira, o primeiro-ministro reiterou posições já conhecidas, e considerou improvável que a subida das taxas de juro contribua de forma significativa para um alívio da inflação.
Numa breve conferência de imprensa à saída da reunião, na qual recusou comentar o novo pacote de medidas de apoio às famílias anunciado durante a manhã de sexta — “[perguntas] sobre algum tema do Conselho muito bem, caso contrário vou apanhar o avião”, disse o primeiro-ministro — Costa elencou aquilo que, no seu entender foram as principais matérias do encontro, desde a transição energética e digital, os desafios colocados pela crise migratória e a cooperação com as Nações Unidas em matéria de sanções à Rússia
Sobre o aumento das taxas de juro por parte do BCE, Costa voltou a frisar que “esta inflação é muito distinta das causas habituais”, e que se até ao momento tem sido controlada deve-se sobretudo às medidas dos governos sob o preço da energia e no apoio ao aumento dos custos de produção.
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O primeiro-ministro mostrou-se ainda cauteloso quanto à robustez da economia, sublinhando que tal pode estar relacionado com o facto de “ter havido uma acumulação muito significativa de poupanças e de liquidez fruto da pandemia”, e alertou que o aumento das taxas possa ter maior efeito conforme essas poupanças forem diminuindo.
Questionado pelos jornalistas sobre o encontro com Giorgia Meloni, numa altura em que a primeira-ministra italiana anunciou (à semelhança da Alemanha) que o país iria rever a proposta de proibição das vendas de automóveis novos a combustão a partir de 2035, no âmbito do Pacto Ecológico Europeu, o chefe de Governo garantiu que Portugal irá manter o apoio à proposta. “Não, Portugal não está a pensar mudar de posição, acho que é muito claro que devemos manter as nossas metas para a transição ecológica”, disse António Costa.
Sobre a reunião propriamente dita, o primeiro-ministro referiu ainda algumas matérias que, no seu entender, ficaram aquém do necessário, particularmente no que diz respeito à transição energética, e na criação de um mecanismo de estabilidade permanente no espaço europeu para responder às crises que, lembrou, “não são permanentes, mas são recorrentes”.
A questão migratória também foi um tema em foco na reunião, com Costa a apelar à “criação de canais legais de migração que permitam à Europa ter os recurso humanos que necessita e sobretudo tratar com humanidade quem procura na Europa uma nova oportunidade para a sua vida”.
O primeiro-ministro destacou ainda pela positiva a reunião de trabalho com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. Costa reiterou a necessidade de cooperação entre a Europa e a ONU para garantir que as sanções contra a Rússia não têm “efeitos colaterais não desejáveis” — designadamente ao nível da crise alimentar em países subdesenvolvidos, em particular em África.
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