Depois de mais uma noite intensa de protestos, com dezenas de milhares de pessoas nas ruas de Israel contra as reformas judiciais anunciadas por Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro israelita deve anunciar em breve a suspensão da polémica proposta para reformular os tribunais.

A população manifestou-se 12 horas após a demissão do ministro da Defesa, Yoav Galant, que se tinha posicionado contra a proposta anunciada por Netanyahu. E depois de vários dias de protestos de grande dimensão, o Presidente israelita, Isaac Herzog, apelou ao governo que suspendesse as reformas judiciais em curso.

Presidente de Israel pede fim imediato da reforma judicial

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A mensagem foi deixada de madrugada no Twitter e dizia: “Pelo bem da unidade do povo de Israel, pelo bem da responsabilidade, peço que se interrompa o processo legislativo imediatamente“. “Os sentimentos são difíceis e dolorosos. Uma profunda preocupação envolve toda a nação. Segurança, economia, sociedade — todos estão ameaçados. Os olhos de todo o povo de Israel estão voltados para vós. Os olhos de todo o povo judeu estão em vós. Os olhos do mundo inteiro estão em vós”, pode ler-se na rede social.

E prossegue: “Apelo aos chefes de todas as facções do Knesset, coligação e oposição, para colocar os cidadãos do país acima de tudo e agir com responsabilidade e coragem sem demora”. “Este não é um momento político, é um momento de liderança e responsabilidade“, disse o Presidente de Israel.

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Fontes do partido no governo dizem que Benjamin Netanyahu ouviu o apelo e vai anunciar a suspensão em breve. Em causa estão medidas que colocariam nas mãos do executivo um controlo total do comité que nomeia os juízes, permitindo ao governo reunir o poder executivo e, muitas vezes, também o judicial. Bastaria uma maioria simples no Parlamento para anular a maioria  decisões do tribunal.

Um vídeo com declarações do primeiro-ministro israelita deveria ter sido transmitido nas televisões às 10h30 desta segunda-feira, mas o programa foi alterado. Entretanto, os meios de comunicação social citados pelo The Guardian avançaram que Netanyahu deverá recuar nas reformas judiciais propostas.

Durante a noite, milhares de manifestantes reuniram-se perto da casa de Benjamin Netanyahu. A polícia dispersou os protestos com recurso a canhões de água, mas os grupos reorganizaram-se junto ao Parlamento israelita, o Knesset. Também em Tel Aviv, uma estrada ficou bloqueada pelos protestos durante duas horas.

Sob a coordenação da Histadrut (Organização Geral dos Trabalhadores de Israel), o maior sindicato no país, os manifestantes paralisaram o aeroporto de Tel Aviv, impedindo as descolagens na noite passada. O sindicato tem avisado ainda que pode convocar uma greve geral no país.

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