O ministro dos Negócios Estrangeiros português afastou qualquer fundamento quanto à possibilidade de Angola ter enviado mercenários para a Rússia na invasão da Ucrânia.

“Não vemos fundamento nenhum para uma notícia que fala de mercenários, não acreditamos que tenha qualquer base e, portanto, é uma matéria que não nos diz respeito”, disse João Gomes Cravinho, à margem da XVI reunião extraordinária do conselho de ministros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que Luanda acolheu esta segunda-feira.

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Em causa está uma notícia divulgada em Portugal que dava conta do envio por Angola de 100 mercenários para combaterem na guerra entre a Rússia e a Ucrânia, uma questão minimizada por Cravinho, que está em Luanda no quadro da CPLP e disse não ter tido oportunidade de falar com o seu homólogo sobre assuntos bilaterais.

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“Temos um diálogo que é permanente, o ministro Téte António esteve em Lisboa há poucas semanas, estamos agora juntos neste encontro da CPLP em Luanda e estaremos juntos muito em breve em outros encontros”, salientou o governante português, realçando que os dois países têm “um diálogo que é permanente”, destacando o “importante contributo que Angola está a dar para resolução da situação no leste da República Democrática do Congo (RDCongo)”, sublinhou.

O chefe da diplomacia portuguesa saudou o papel de Angola na região, que “agora se concretiza através do envio de forças militares angolanas para aquele país vizinho no processo de acantonamento dos grupos rebeldes no leste do Congo”.

Recordando que foi anteriormente ministro da Defesa, Cravinho salientou que “nenhum país envia de ânimo leve forças suas para outras partes do mundo, em particular, onde há possibilidade de conflito”.

Por isso, “saúdo a coragem e empenho de Angola em ajudar a resolver um problema, que é um problema muito grave para todo o continente africano e desestabilizador também para o resto do mundo”, indicou.

Sobre a notícia de mercenários angolanos ao serviço da Rússia, o chefe da diplomacia angolana destacou as boas relações com Portugal, mas salientou que Luanda “fez uma reclamação relativamente a esta informação e que tratámos através dos canais apropriados, através do nosso interlocutor, que é o Governo português”.

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Segundo o chefe da diplomacia angolana, a reclamação foi feita através dos canais diplomáticos, sob a forma de uma nota de protesto em que Angola fez “uma reclamação relativa a uma informação falaciosa publicada pela CNN-Portugal, que diz respeito ao suposto envio de mercenários para combaterem na guerra da Ucrânia, supostamente acordado durante a visita do ministro Lavrov, ministro da Federação russa a Luanda”.

“Esta é informação é claro que é falsa e tivemos que nos pronunciar sobre isto, para que a opinião nacional e internacional não seja confundida relativamente à posição de Angola, que é sobejamente conhecida”, vincou.

Téte António endereçou esta segunda-feira uma carta a António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, sobre o mesmo tema, recordando que o país já foi vítima de mercenários e de invasão por forças estrangeiras, pelo que sempre condenou esses atos com medidas energéticas, como forma de os desencorajar.