Os stocks de mísseis dos sistemas de defesa aérea usados pela Ucrânia estão a reduzir-se drasticamente e correm o risco de acabar em meados de maio, se a ofensiva continuar ao mesmo ritmo e não houver reforço por parte dos parceiros ocidentais. Esta é a última avaliação a ser conhecida dos documentos vazados do Pentágono, cuja autenticidade ainda está por confirmar.

De acordo com um artigo do The New York Times publicado este domingo, a avaliação dos serviços de informação norte-americanos a 28 de fevereiro era a de que a Ucrânia deverá esgotar os mísseis S-300 e sistemas de defesa aérea Buk disponíveis — que compõem 89% da totalidade de sistemas de defesa aérea de que Kiev dispõe atualmente — até ao próximo dia 3 de maio. No documento pode ainda ler-se que a capacidade de defesa aérea da Ucrânia nas linhas da frente deverá estar “completamente reduzida” a 23 de maio.

O cenário é particularmente preocupante para o país já que, sem sistemas de defesa aérea a funcionar, a Rússia poderá avançar para o terreno com a sua Força Aérea. Essa estratégia foi usada por Moscovo nos primeiros dias da invasão de larga escala, em fevereiro de 2022, mas rapidamente foi abandonada por causa da resposta dos mísseis de defesa aéreos ucranianos. Segundo o Diretório Mundial de Aeronaves Militares Modernas, citado pelo Times, a Rússia dispõe atualmente de 900 caças e 120 bombardeiros.

Embora oficialmente o Pentágono não tenha reconhecido a autenticidade dos documentos vazados, fontes desta entidade indicaram ao Times que se tratam de documentos legítimos da Defesa norte-americana, mas que as cópias aparentemente foram alteradas em certas partes. Uma das alegadas versões modificadas terá um número de baixas russas menor do que aquele que é considerado pelos analistas, por exemplo — razão pela qual Washington suspeita que a Rússia poderá estar por trás da divulgação.

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Por essa mesma razão, não é certo se esta avaliação será totalmente fidedigna, nem se o ritmo de consumo dos mísseis de defesa se pode ter alterado desde o final de fevereiro. Também não é certo como está o ritmo de consumo de outros stocks de sistemas fornecidos pelo Ocidente, como os alemães IRIS-T e os norte-americanos NASAMS. Contudo, como aponta ao The New York Times o especialista em mísseis Tom Karako, “não é preciso ser um licenciado em Matemática para fazer alguma aritmética e perceber que os NASAMS, os Hawks e outros sistemas de defesa aérea raros estão continuamente a ser alvo de desgaste”.