Os números são totalmente diferentes, aquilo que foi o jogo em si ainda mais. À mesma hora que o Inter ia à Luz vencer o Benfica por 2-0, Manchester City e Bayern davam um autêntico recital de bola no Etihad, com vantagem para os ingleses num encontro que podia ter ganho outro rumo no início da segunda parte. Foi um encontro mais intenso, mais disputado, mais rápido, mais atrativo. Em suma, foi um encontro melhor. E dentro do melhor que foi, houve um melhor entre os melhores: Bernardo Silva. Apesar de todos os elogios a Erling Haaland por mais uma exibição de sonho com números para recorde(s), o português foi o MVP.

Haaland, Bernardo e a versão moderna do Twins produzida por Pep Guardiola (a crónica do Manchester City-Bayern)

O esquerdino que de comum com o norueguês só tem o pé dominante e a qualidade para desequilibrar no plano individual aquilo que é construído em termos coletivos terminou a vitória por 3-0 frente aos alemães com um golo, uma assistência, três passes chave e oito ações defensivas, sendo que seis delas foram conseguidas no meio-campo adversário – e muito do que foi o triunfo do campeão inglês entroncou nesta capacidade de pressionar alto que fez mossa sobretudo na última meia hora. Por isso, no final de uma partida que Pep Guardiola descreveu como “muito desgastante”, sobraram elogios do técnico espanhol.

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“O Bernardo Silva é um jogador de futebol. O que é que isso quer dizer? Ele vai jogar em qualquer lado, porque entende o jogo e todas as ações com e sem bola. Quando o [Alphonso] Davies arranca, não consegues pará-lo, mas o Bernardo tem a capacidade de ler as posições, dar-nos o passe extra. É tão importante neste tipo de jogos. Pode jogar a médio de contenção. É tão, tão importante e ultimamente tem marcado muitos golos, algo que lhe tem faltado. Mas agora tem sido decisivo. É um jogador a quem dizes para jogar numa posição e depois não tens de acrescentar nada”, destacou o treinador após o encontro.

Tive a sorte de treinar jogadores muito bons no Barcelona e Bayern. É um dos melhores que treinei em toda a minha vida, é algo especial em termos de jogador de futebol”, salientou.

Em relação à partida, o espanhol que foi apenas campeão europeu pelo Barcelona e tenta agora repetir o feito pelo Manchester City (que nunca ganhou a Champions) admitiu que é uma vantagem importante para a segunda mão em Munique mas comentou ainda o desgaste provocado pela partida com o Bayern no Etihad. “Emocionalmente estou de rastos. Hoje [Terça-feira] perdi dez anos de vida. Agora preciso de relaxar, de ter um dia livre e preparar o jogo com o Leicester”, resumiu. Já Thomas Tuchel mostrou-se resignado, considerando que os bávaros jogaram para mais. “Merecíamos pelo menos um golo. Apaixonei-me um bocadinho mais pela minha equipa pela forma como jogou”, frisou o técnico germânico, campeão europeu em 2021 pelo Chelsea numa final realizada no Estádio do Dragão frente ao Manchester City de Guardiola.

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