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Ao 425.º dia de guerra na Ucrânia, quase todas as atenções estão centradas na polémica em torno das declarações recentes do embaixador da China em França, que questionou a soberania de antigos países da União Soviética, como a Ucrânia. Vários ministros dos Negócios Estrangeiros europeus criticaram as declarações que consideram “inaceitáveis”.

Nas Nações Unidas, Serguei Lavrov presidiu a uma tensa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na qual trocou argumentos com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. No terreno, a Rússia anuncia que está a fazer avanços em Bakhmut, mas a informação é contestada pela Ucrânia. Eis um resumo das notícias mais relevantes.

Filho de Peskov foi para a guerra como mercenário. A história de como Nikolai se juntou ao Grupo Wagner na Ucrânia

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O que se passou durante a noite:

  • “Ele tomou essa decisão. Ele é um homem adulto”. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, pronunciou-se sobre a aparente decisão do seu filho, Nikolai, ter combatido na Ucrânia ao serviço do grupo Wagner. Citado pelo The Guardian, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, quebrou o silêncio sobre o facto de o filho, Nikolai, ter alegadamente combatido ao serviço do grupo Wagner — algo que já foi posto em causa pelas autoridades ucranianas.
  • Uma carta contendo uma “substância desconhecida” chegou à embaixada francesa em Moscovo, avançou a agência estatal Tass.
  • Paulo Pisco, autor de um relatório aprovado por unanimidade pelo Conselho da Europa, destacou que “há um enorme trabalho que as autoridades ucranianas têm de fazer” para “identificar todas as crianças deportadas para a Rússia”.
  • O oligarca russo Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, que contrata mercenários, afirmou esta segunda-feira que os mercenários vão deixar de fazer prisioneiros na Ucrânia, ameaçando “destruir tudo no campo de batalha”.
  • O secretário-geral da ONU, António Guterres, entregou ao chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, uma carta dirigida ao Presidente Vladimir Putin, com uma proposta para “melhorar e prolongar” o Acordo dos Cereais do Mar Negro.
  • As potências do G7 terão rejeitado o plano dos EUA para banir as exportações para a Rússia, avança o Financial Times.
  • O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell afirmou que o ritmo de fornecimento de armas à Ucrânia “precisa de aumentar” a curto-prazo.
  • Mais de 300 jornalistas que trabalharam como correspondentes estrangeiros na Federação Russa assinaram uma petição em que solicitam às autoridades russas a “libertação imediata” do jornalista norte-americano Evan Gershkovich.

Tensão na ONU. Guterres pede “respeito” pelas fronteiras territoriais à Rússia, Lavrov acusa Ocidente de abandonar diplomacia

O que se passou durante a tarde:

  • Na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Serguei Lavrov e António Guterres trocaram argumentos sobre a guerra. O secretário-geral da ONU pediu à Rússia “respeito” pelas fronteiras territoriais e criticou o sofrimento gerado pela invasão. Pela sua parte, Lavrov acusou os EUA e o Ocidente de não respeitarem lei internacional e de terem abandonado a diplomacia, ao mesmo tempo que descreveu as tensões atuais como “mais perigosas” do que no tempo da Guerra Fria.
  • O secretário de Estado norte-americano mostrou-se preocupado com a presença do grupo Wagner no Sudão, numa altura em que os conflitos no país africano continuam a preocupar a comunidade internacional.
  • O presidente da câmara de Melitopol denunciou a existência de “poderosas concentrações” russas na área, em antecipação da contraofensiva da Ucrânia.
  • Na reunião do Conselho de Segurança da ONU, os EUA acusaram Serguei Lavrov de hipocrisia, e consideraram que as ações da Rússia “mostram um desrespeito total pela carta das Nações Unidas”.
  • De visita à Ucrânia, a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, colocou-se ao lado de Volodymry Zelensky e pediu a adesão do país à NATO “assim que as condições permitirem”. Zelensky condecorou a chefe de Governo Estónia, a quem agradeceu o apoio.
  • O chefe da diplomacia europeia instou o Presidente do Brasil a visitar a Ucrânia para ver “a agressão” da Federação Russa pelos próprios olhos, em resposta às críticas feitas recentemente por Lula da Silva.

O que se passou durante a manhã:

  • A China tenta conter os danos das polémicas declarações do embaixador chinês em Paris. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China veio, esta segunda-feira, esclarecer que respeita o estatuto de independência das nações soberanas que emergiram do colapso da URSS.
  • Vários representantes da UE não gostaram de ouvir o embaixador da China em França. O Ministro dos Negócios Estrangeiros francês chamou o embaixador Ly Shaye para uma reunião esta segunda-feira, reporta o The Guardian.
  • A Rússia anunciou avanços em Bakhmut, segundo reporta a Reuters. A agência noticiosa cita o ministério da Defesa russo, que assegura ter avançado mais dois quarteirões nos distritos mais ocidentais da cidade. Já a Ucrânia garante que as tropas estão a conter os avanços, com o coronel general ucraniano Oleksandr Syrskyi a utilizar o Telegram para assegurar que a “defesa continua” e que as forças ucranianas mantêm “linhas estratégicas”.
  • As autoridades russas estarão a “evacuar civis à força“, na zona ocupada de Kherson, um dia depois de as forças ucranianas se reposicionarem no lado este do rio Dnipro.
  • A Ucrânia acusa a Rússia de forçar médicos em áreas ocupadas a alistar-se para serviço militar em Berdiansk, localidade ocupada no distrito de Zaporíjia. Em comunicado, o Estado-Maior das Forças Armadas relaciona essas práticas com uma “escassez de médicos militares”. Berdiansk está sob domínio russo desde fevereiro de 2022.
  • As autoridades russas que lideram o poder na Crimeia, desde a anexação de 2014, dizem que as forças russas no Mar Negro neutralizaram um ataque com drone ao porto de Sevastopol, esta madrugada.

Lavrov: situação mundial é mais perigosa do que a Guerra Fria