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Serguei Lavrov foi ‘rei por um dia’ nas Nações Unidas (ONU), mas nem por isso escapou às críticas da comunidade internacional. O líder da diplomacia russa trocou argumentos com o secretário-geral da ONU, António Guterres, numa tensa reunião do Conselho de Segurança do organismo.

Dedicada, precisamente, ao tema do multilateralismo, a sessão foi presidida por Lavrov, inserida na presidência rotativa do Conselho de Segurança que, este mês, está a cargo da Rússia. O tema da guerra da Ucrânia assumiu um papel central nas discussões — a começar pela intervenção inicial de Guterres que, dirigindo-se diretamente ao ministro russo dos Negócios Estrangeiros, criticou a ação do Kremlin.

Guterres criticado em documentos secretos norte-americanos

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Responsabilizando a Rússia pelo conflito, Guterres considerou que a invasão da Ucrânia está a causar “sofrimento e devastação massiva ao país e ao seu povo”, e pediu respeito pela soberania e integridade territorial.

Alertando para o facto de as tensões entre as grandes potências estarem “em alta histórica”, o líder ONU apelou à cooperação multilateral, frisando que esta era o “coração pulsante das Nações Unidas, (…) a sua razão de ser e a sua visão orientadora”.

Os apelos de Guterres, depressa ficou evidente, não convenceram Lavrov. Na sua intervenção, que se seguiu à do ex-primeiro-ministro português, o responsável russo repetiu a posição já conhecida do Kremlin: a de que a culpa pela atual situação é dos EUA e do Ocidente.

“A Federação Russa anunciou claramente o seu objetivo de erradicar as ameaçãs à nossa segurança que, durante anos, froam criadas pelos representantes da NATO”, afirmou Lavrov. Tornando a afirmar que o atual governo ucraniano é “abertamente racista” e nazi, o anfitrião da reunião acrescentou ainda que a Rússia pretende apenas “proteger as pessoas do regime de Kiev e das suas ações de destruição de territórios”.

Quanto ao ponto das tensões internacionais, Lavrov concordou com Guterres, e foi ainda mais longe: “Tal como na Guerra Fria, atingimos o limite — possivelmente mais perigoso [do que na altura]”. Mas, se o diagnóstico foi o mesmo, as causas, essas, foram bem diferentes das elencadas pelo secretário-geral.

Acusando os EUA e o Ocidente de tentarem “destruir a globalização”, Lavrov acusou Washington de “abraçar uma política de destruição” das Nações Unidas, abandonando a diplomacia e adotando uma postura em que todos os temas têm de ser resolvidos à maneira norte-americana. “Todos sabem que o Ocidente não quer ver a democratização das relações internacionais, mas quer sim avançar as suas próprias regras”, afirmou.

Lavrov: situação mundial é mais perigosa do que a Guerra Fria