Os documentos que o Governo se recusou, primeiro, a enviar à comissão de inquérito já chegaram. Os documentos a enquadrar as demissões do presidente não executivo (Manuel Beja) e executiva (Christine Ourmières-Widener) chegaram esta quarta-feira, 26 de abril, à comissão, tal como Fernando Medina tinha dito à tarde que ia acontecer.

Segundo o ministro das Finanças, o Governo enviaria esta quarta-feira “todos os documentos, os que solicitou da primeira vez e os que não solicitou, que são a espinha dorsal da demissão dos administradores da TAP”, disse Medina, ladeado, no debate sobre o Programa de Estabilidade, no plenário, por Mariana Vieira da Silva e Ana Catarina Mendes, as duas ministras que admitiram a existência de um parecer jurídico para essas demissões, mas que acabaram por ouvir o ministro das Finanças assumir publicamente que não existia qualquer parecer adicional. Mariana Vieira da Silva acabou por dizer que tudo se tratava de uma questão de semântica.

Trio de ministros do parecer da TAP contaminou debate sobre Programa de Estabilidade

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Prometidos os documentos, a comissão de inquérito já informou que os recebeu. Jorge Seguro Sanches, o socialista que preside à comissão de inquérito, comunicou aos deputados, depois de inquirido pelo social-democrata Paulo Moniz, já ter chegado informação do Governo, mas, disse na comissão, que ainda não tinha visto. Seguro Sanches diz que quinta-feira deverão estar todos disponíveis aos deputados, a partir das 9 horas da manhã, altura em que a sala de segurança estará em funcionamento. “São documentos classificados”, garantiu.

Segundo apurou o Observador, a informação terá chegado em suporte de CD (compact disk), que pelo menos dois grupos parlamentares dizem que não conseguiram abrir. Também há documentos em papel, garantiu Seguro Sanches que diz que há documentação em suporte digital. Paulo Moniz, após as audições aos sindicatos, pergunta se a informação está legível, ao que o presidente da comissão diz que não sabe porque “ainda não abrimos os envelopes. Não vale a pena estarmos a especular”, não confirmando que a documentação tenha chegado num CD ou num formato obsoleto. Seguro Sanches diz mesmo que não abriu o envelope, mas que lhe pareceu uma pen. “Logo que a reunião acabe o presidente faz despacho da documentação que chegou”, concluiu Seguro Sanches. Deputados insistem querer ver documentos ainda esta noite, porque, diz Filipe Melo do Chega, “é muito grave o que se passou nos diferentes ministérios”.

Fernando Medina tinha dito que não havia parecer, e que as demissões tinham sido suportadas pela auditoria da Inspeção-Geral das Finanças, que levaram à deliberação unânime de acionistas que determinou a saída dos dois gestores.

A deliberação unânime que incendiou o Parlamento. Estado acusa gestores demitidos da TAP de deslealdade e de violação por “ação e omissão”