O Supremo Tribunal dos Estados Unidos suspendeu a execução da pena de morte de Richard Glossip, homem de 60 anos, condenado por homicídio no anos 90, preso num estabelecimento prisional do Oklahoma.

Depois de uma investigação ter questionado as evidências recolhidas à data do assassinato, cometido em 1997, o caso atraiu a atenção do procurador-geral republicado, Gentner Drummond, diz a Reuters, que terá “lançado dúvidas sobre a condenação”.

A mesma agência indica que a suspensão surge depois de um painel ter votado contra a clemência recomendada a Glossip, a 26 de abril. Os juízes do Supremo Tribunal concordaram, ainda assim, em suspender a execução da pena na sequência de dois apelos interpostos pela defesa de Glossip — que apresentam vários motivos para contestar a condenação — que os magistrados estão ainda estão a considerar.

Caso a execução da pena tivesse avançado, Glossip estaria agora a viver os seus últimos dias. A morte do homem de 60 anos, condenado por alegadamente ter encomendado a morte de Barry Van Treese, o seu ex-chefe e dono de um motel, estava marcada para 18 de maio. Preso há 26 anos, esta é a nona data para a execução da pena de morte a que foi condenado — Glossip já teve, segundo a CNN, três últimas refeições. Houve várias causas para os adiamentos – em 2015, por exemplo, a pena não foi executada  porque os oficiais do estabelecimento prisional receberam o medicamento letal errado — depois disto, as penas de morte ficaram suspensas durante quase sete anos no estado do Oklahoma.

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O mediático caso já resultou em duas investigações independentes que levantaram “duvidas sérias” acerca da condenação e consequente pena. “Estamos muito gratos ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos por fazer a coisa certa e parar a execução ilegal de Richard Glossip”, disse Don Knight, advogado de Richard Glossip, citado pela Reuters. “Não há nada mais angustiante do que a ideia de executar um homem que, o Estado agora reconhece, não recebeu um julgamento justo. Felizmente, por enquanto, o Sr. Glossip está fora de perigo.”

“O julgamento de Glossip foi injusto” e “não foi de confiança”. Qual é a história de Richard Glossip?

As palavras são, precisamente, do procurador-geral do Estado do Oklahoma, dirigidas aos juízes do Supremo Tribunal e citadas pelo jornal inglês The Guardian. Gentner Drummond ressalvou, no entanto, que não acredita que Glossip esteja inocente.

Mas o que se sabe, afinal, sobre o caso? Richard Glossip foi preso em 1997 e condenado à pena de morte por ter encomendado o assassinato de Barry Van Treese a Justin Sneed, que terá morto o dono do motel Best Budgedt Inn na cidade do Oklahoma — onde Glossip trabalhava — com um taco de baseball.

Justin Sneed terá sido capturado e confessado a morte do homem, alegando, no entanto, que o terá feito depois de Glossip ter encomendado o homicídio, a troco de 10 mil dólares. O testemunho de Sneed livrou-o do corredor de morte, pena que foi aplicada a Richard Glossip.

Além deste testemunho, nada envolve Glossip no crime — não há provas físicas que o liguem à morte de Van Treese. Quanto à causa, o Ministério Público terá na altura alegado que o homem de 60 anos terá tentado esconder a fraude cometida no motel, do qual era gerente, daí ter morto o dono do estabelecimento.

De acordo com o The Guardian, investigações recentes encontraram falhas no caso da acusação — segundo o procurador-geral, Sneed terá mentido sobre a sua alegada condição psiquiatra, sobre o motivo pelo qual consumia estabilizadores de humor, além de que provas terão sido destruídas.