A Comissão Europeia publica esta segunda-feira as previsões económicas de primavera, numa altura em que as taxas de juro continuam a subir na zona euro face a uma inflação demasiado elevada, pressões que condicionam o crescimento.
Depois de, em fevereiro passado, ter revisto em ligeira alta as projeções de desempenho da economia europeia este ano, estimando que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 0,9% na zona euro e 0,8% na União Europeia – quando no outono se previa 0,3% em ambos os casos -, o executivo comunitário vai divulgar as mais recentes previsões para 2023 e 2024.
Marcadas por um enquadramento de contínua incerteza pela guerra da Ucrânia, as projeções macroeconómicas de primavera da Comissão Europeia surgem também numa altura em que a taxa de inflação anual da zona euro voltou a registar aumentos, após seis meses de recuos consecutivos, subindo ligeiramente para 7% em abril.
Esta tendência já levou o Banco Central Europeu (BCE), no início deste mês de maio, a subir as três taxas de juro em 25 pontos base, o que se traduziu, ainda assim, num abrandamento em relação aos aumentos anteriores.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, já veio admitir a possibilidade de novas subidas das taxas de juro pelos ainda elevados níveis de inflação, muito acima do objetivo de 2% definido pelo banco encarregue da política monetária da zona euro.
De acordo com o BCE, existem fatores que podem representar riscos significativos em alta para a inflação na área da moeda única, como os aumentos salariais em vários países europeus, que têm vindo a ser reivindicados pela perda de poder de compra das famílias face à subida dos preços.
Mas, apesar de a inflação se manter elevada, o crescimento económico na zona euro tem vindo a revelar-se melhor do que o esperado e, no primeiro trimestre deste ano, a economia da moeda única avançou 0,1% face ao trimestre anterior e 1,3% na comparação com o período homólogo, segundo dados preliminares divulgados no final de abril pelo gabinete estatístico europeu, o Eurostat.
Portugal registou, nos primeiros três meses deste ano, a maior subida em cadeia (1,6%), ainda de acordo com o Eurostat.
Nas previsões, o executivo comunitário poderá, assim, voltar a rever em ligeira alta as previsões de crescimento do PIB europeu, que ainda assim continuará contido pela evolução da guerra da Ucrânia e as suas consequências económicas e nas cadeias de abastecimento.
Além disso, as previsões terão já em conta uma retoma das regras orçamentais em 2024.
No final de abril, o executivo comunitário propôs regras orçamentais baseadas no risco, sugerindo uma trajetória técnica para países endividados da UE, como Portugal, dando-lhes mais tempo para reduzir o défice e a dívida, mas se os 27 Estados-membros não chegarem a um consenso (estando a Alemanha a encabeçar o ceticismo), aplicam-se as regras antigas.
Também nesta segunda-feira, os ministros das Finanças da zona euro irão, numa reunião do Eurogrupo em Bruxelas, debater estas mais recentes projeções macroeconómicas. Portugal estará representado na reunião pelo ministro da tutela, Fernando Medina.