O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, afirmou que o processo de construção do novo hospital na Praia está “bem encaminhado”, com o objetivo de reduzir os “custos elevados” com as evacuações médicas para Portugal.

“A solução que nós estamos a desenhar é a construção do novo Hospital de Cabo Verde, aqui na cidade da Praia. O processo está também bem encaminhado relativamente à criação de capacidades internas que possam reduzir as necessidades de evacuações, nomeadamente tipificando alguns tipos de intervenções que são prioritárias e este processo acontecerá. Até lá, temos que continuar a gerir o processo das evacuações com menos problemas possíveis relativamente aos doentes evacuados”, avançou Ulisses Correia e Silva, questionado pelos jornalistas após uma comunicação ao país, para assinalar os dois anos de governação.

O primeiro-ministro, empossado no cargo, para um segundo mandato, a 20 de maio de 2021, disse ainda que as evacuações dependem de um quadro de cooperação que o país tem com Portugal, que responde a “milhares de situações que são canalizadas” para evacuações médicas, “mas com custos elevados” que são assumidos pelo Sistema Nacional de Saúde português e por Cabo Verde.

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“Sabemos que essas questões dependem muitas vezes da disponibilidade de serviços diretos. Só há confirmação de ida quando de facto há a garantia de que o doente vai e consegue ser atendido imediatamente. E conhecemos a situação também da pressão que existe em Portugal, no Sistema Nacional de Saúde”, acrescentou.

O custo com as evacuações médicas para Portugal suportadas pela segurança social cabo-verdiana – para especialidades e tratamentos indisponíveis no arquipélago – aumentou mais de 14% em 2022, face ao ano anterior, para 5,2 milhões de euros.

O governo cabo-verdiano apresentou a 3 de março de 2021 o projeto do Hospital Nacional de Cabo Verde (HNCV), orçado em 7,2 mil milhões de escudos (65 milhões de euros), com previsão de conclusão – apesar de a obra ainda não ter sido lançada – dentro de quatro anos e o objetivo de melhorar o nível de cuidados de saúde e reduzir as evacuações externas.

O futuro hospital nacional deverá ser construído na zona de Achada Limpo, concelho da Praia, com capacidade máxima de 134 camas, sendo 12 para cuidados intensivos.

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Segundo o governo, a futura infraestrutura de saúde não vai substituir os dois hospitais centrais públicos do país – Agostinho Neto, na Praia, e Batista de Sousa, em São Vicente – mas sim complementar a oferta disponível e maximizar os recursos.

Ulisses Correia e Silva afirmou ainda que “há estudos conclusivos que demonstram que não há possibilidade” de construir um aeroporto na ilha da Brava – nomeadamente para garantir evacuações médicas -, mas que o país quer procurar soluções alternativas, particularmente em transportes marítimos, garantindo que a disponibilidade do mesmo todos os dias.

“Nós teremos que procurar outras soluções alternativas, particularmente linhas dedicadas de transportes marítimos, que é o que vai acontecer Fogo-Brava, vai estar todos os dias disponíveis e todos os dias a fazer este circuito. Investimentos privados que estão previstos para a ilha da Brava e, eventualmente lá mais para a frente, vermos a nível da Proteção Civil e da Emergência Civil, nós estamos a trabalhar particularmente a nível da Guarda Costeira, a possibilidade de termos helicópteros que possam atuar em situações de emergência”, declarou.

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A ilha da Brava, considerada a mais isolada das ilhas cabo-verdianas, passou a contar em novembro passado com um meio naval da Guarda Costeira em permanência e vai receber um centro de saúde com valências de hospital.