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Cumpriu nove anos numa prisão russa por roubo, fez fortuna quando começou a vender cachorros-quentes e já admitiu ter interferido nas eleições presidenciais norte-americanas. Estes são alguns factos conhecidos sobre o passado de Yevgeny Prigozhin, o líder do grupo de mercenários Wagner que ganhou notoriedade com as operações, muitas vezes descritas como brutais, das suas tropas durante a invasão russa da Ucrânia. O que era até agora desconhecido é que, há 20 anos, Prigozhin escreveu e ilustrou um livro para crianças.

Dos cachorros-quentes aos mercenários Wagner. O cozinheiro de Putin ganha poder no Kremlin e o seu exército é ainda fundamental na guerra

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Ao longo do último ano, marcado pela guerra na Ucrânia, o líder dos Wagner ganhou uma forte presença mediática e mais detalhes da sua vida foram sendo conhecidos. Na verdade, foi só em setembro do ano passado que Prigozhin admitiu ter fundado a companhia militar privada, depois de ter negado qualquer associação durante vários anos. Agora o The Moscow Times avançou que o mesmo homem que é acusado de crimes de guerra em território ucraniano é o autor do livro infantil “Indraguzik”.

O jornal russo teve acesso a uma das 2.000 cópias do livro, que em 90 páginas conta a história de um rapaz chamado Indraguzik e da sua irmã, Indraguza, duas criaturas de uma terra de “pessoas pequenas” que vivem no mundo dos humanos. Tudo começa quando a personagem principal cai do lustre do teatro onde vivia com a irmã e inicia uma aventura para encontrar o caminho de volta a casa.

A certo ponto da história, Indraguzik encontra-se com o rei da sua terra, que tenta ajudar a crescer em tamanho, mas por acidente acaba por torná-lo num gigante. “Como posso reinar sobre o meu povo se eles são tão pequenos? Podia destrui-los por engano”, queixa-se o monarca, que pede que o retornem ao tamanho original. “Apenas um rei pequeno pode governar os Indraguziks”, pode ler-se sobre o episódio.

Oficialmente, explica o The Moscow Times, o livro é assinado pelos filhos de Prigozhin, Pavel, que já terá lutado com o grupo Wagner na Síria e no leste da Ucrânia, e Polina, que é alegadamente a proprietária de um hotel de luxo em Moscovo. No entanto, no prefácio do livro pode ler-se que a história resulta de uma colaboração entre o líder do grupo Wagner e os filhos, que terão sugerido os nomes para as personagens e persuadido o pai a criar uma história à volta delas. Também a autoria das ilustrações ao longo do livro são atribuídas ao mercenário russo.

O “Indraguzik” foi publicado pela editora Agat em 2004. Por essa altura Prigozhin já geria uma cadeia de restaurantes bem sucedida, negócio que viria a trazer-lhe a alcunha de “chef de Putin”. O livro nunca terá sido posto à venda, mas oferecido aos amigos e parceiros de negócios de Prigozhin.

Ao longo do último ano o empresário tem sido notícia pelas incursões ao território ucraniano para supervisionar as suas tropas, mas também pelas críticas duras que tem dirigido à liderança russa pela falta de apoio e equipamento que os seus combatentes têm recebido. O ministro da Defesa russa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov têm sido os seus principais alvos, que responsabiliza diretamente pela morte de milhares dos seus soldados.

De recuo em recuo até à conquista total. Jogo de contrainformação de líder dos Wagner garantiu vitória em Bakhmut?

Recentemente o líder do grupo Wagner anunciou a captura da cidade de Bakhmut, onde há vários meses as suas tropas e os militares russos enfrentavam os ucranianos naquela que é descrita como a batalha mais longa da guerra. Depois de oito meses a combater nessa cidade, Prigozhin anunciou que os seus combatentes se vão retirar do território e deixar as suas posições às tropas regulares russas.