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Os quase 2,7 mil milhões de euros gerados pela venda do Chelsea aquando da saída do oligarca russo Roman Abramovich do clube, e que deveriam ser usados para ajuda humanitária à Ucrânia, permanecem empatados. Tudo porque os envolvidos na gestão da verba — Reino Unido, União Europeia e o governo português — não conseguem chegar a acordo sobre a melhor forma de os aplicar.

Na altura da venda do emblema londrino a um consórcio norte-americano, em 2022, ficou acordado que o dinheiro seria usado para auxiliar “todas as vítimas da guerra na Ucrânia”, bem como na ajuda ao “esforço de recuperação a longo-prazo” do país.

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Este acordo foi firmado entre Abramovich e o governo britânico; no entanto, uma vez que Abramovich tem desde 2021 passaporte português, a União Europeia foi envolvida na assinatura do acordo de criação de uma fundação independente destinada a concretizar a aplicação dos fundos.

Downing Street tinha referido que era sua intenção trabalhar em conjunto com todos os envolvidos. “O Reino Unido vai trabalhar de perto com o governo português e com a Comissão Europeia no que toca a considerar a aplicação de uma licença deste género e o destino da verba”, pôde ler-se num comunicado da Secretaria do Tesouro, em maio de 2022.

No entanto, segundo noticiou esta quarta-feira o Daily Telegraph, a verba permanece intocada numa conta congelada. Em causa está um desacordo entre Londres e Bruxelas sobre a forma como a verba deve ser aplicada. O bloco europeu defende que o dinheiro deve ser usado diretamente na Ucrânia; já os britânicos entendem que “todas as vítimas da guerra” devem ser auxiliadas, o que, teoricamente, incluiria os refugiados fora do país.

A fundação humanitária independente, liderada pelo antigo líder do ramo britânico da Unicef, Mike Penrose diz estar pronta para avançar rapidamente assim que possível e não entende as razões para o bloqueio. Dentro de portas, o governo britânico tem enfrentado cada vez mais pressão para ultrapassar as suas diferenças com a Europa, havendo quem descreva a situação como “política a travar ajuda humanitária urgente”.

Há ainda quem diga que a questão da aplicação dos fundos é apenas um de vários problemas que têm atrasado o processo. Fontes do governo de Downing Street referem que “apreender [fundos sancionados] é muito mais difícil do que congelar”, e que utilizar dinheiro sancionado é um processo complexo do ponto de vista legal. Indiferentes à burocracia, as associações humanitárias entendem que a prioridade deve ser ajudar as pessoas mais afetadas pela guerra.

Questionado pelo Telegraph, o governo britânico respondeu que permanece “em aberto quanto à aplicação e quaisquer destes fundos para benefício humanitário da Ucrânia”, mas salvaguardou que “é necessário escrutinar cuidadosamente os detalhes de qualquer proposta para manter a integridade do regime de sanções”.

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