Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia
É um caso que está a provocar a ira de muitos na esfera militar do Kremlin: cerca de 100 militares russos, que se tinham juntado na linha da frente por ordem superior, alegadamente para ouvirem um “discurso motivacional”, acabaram todos mortos após um ataque aéreo ucraniano, conta o The Telegraph.
O episódio não foi confirmado por nenhum dos lados do conflito, mas está a ser amplamente discutido nas redes sociais russas por bloggers militares e outras personalidades dedicadas à cobertura da guerra, que tecem duras críticas às chefias militares. Ao que tudo indica, terá acontecido em Kreminna, uma cidade na região de Lugansk, que tem sido palco de vários combates nos últimos meses.
O alegado incidente aconteceu depois do grupo de os soldados se terem reunido no local para ouvir um discurso do comandante da divisão, que alguns bloggers garantem tratar-se do major-general Sukhrab Akhmedov, uma figura controversa que já no passado foi acusado de dar ordens que resultaram na morte de centenas de tropas no seu comando.
Segundo dizem, o discurso atrasou-se durante mais de duas horas, e a unidade, que tinha uma ação ofensiva planeada, teve indicação para ali ficar à espera. A janela temporal acabou por permitir às forças ucranianas atacar a unidade com recurso a fogo de artilharia e ao sistema Himars.
Himars, os mísseis de maior alcance que os EUA vão enviar para a Ucrânia
A extensão da matança terá sido tal que, segundo o blog de guerra russo Rybar, “houve menos baixas em vários dias de luta no sul de Donetsk do que devido à estupidez criminosa do comandante da divisão”. Com efeito, a ser verdade, seria o incidente mais letal para as forças russas desde o início do ano.
[Já saiu: pode ouvir aqui o quarto episódio da série em podcast “Piratinha do Ar”. É a história do adolescente de 16 anos que em 1980 desviou um avião da TAP. E aqui tem o primeiro, o segundo e o terceiro episódios]
As críticas à ação das forças russas têm vindo a multiplicar-se nos últimos dias. “Se, a meio do segundo ano da guerra, há comandantes que levam colunas para a frente, fazem o pessoal formar um grande grupo e depois ficam à espera que a artilharia inimiga os atinja, então esses comandantes deviam ser fuzilados em frente às colunas, mesmo que sejam coroneis ou generais“, disse um blogger militar. Outro retorquiu: “Estamos em guerra com a nossa própria estupidez e negligência”.
O incidente bate certo com dados publicados pelo Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla inglesa), que, no seu briefing diário sobre a guerra na Ucrânia, fez referência a um ataque ucraniano. O think tank norte-americano não conseguiu, no entanto, confirmar qual das divisões de infantaria russas na região de Lugansk foi atingida.
O facto de o ataque ter sido levado a cabo com recurso ao Himars é também digno de nota, uma vez que, nos últimos meses, a Rússia tem conseguido contrariar a presença deste sistema nas suas posições, desenvolvendo métodos eletrónicos para impedir o seu funcionamento. O ataque em Kremmina sugere, por isso, que a Ucrânia pode ter conseguido reprogramar o sistema de mísseis para ultrapassar estes métodos.
Pentágono leaks: militar lusodescendente acusado formalmente de crimes de uso indevido de documentos