Quem seguiu com entusiasmo a coroação de Carlos III e Camilla no passado dia 6 de maio, em Londres, gostará de saber que as celebrações ainda não acabaram. Os Reis estão de viagem marcada para a Escócia onde a coroação nos novos soberanos será assinalada com uma cerimónia religiosa e as joias da coroa escocesas no próximo dia 5 de julho. Os príncipes de Gales, William e Kate, que na Escócia assumem os títulos de duque e duquesa de Rothesay, também estarão presentes.

A Catedral de St. Giles será o cenário do acontecimento principal, uma cerimónia de ação de graças na qual o Rei vai receber as Honras da Escócia, ou seja, as joias da coroa daquele país: uma coroa, um cetro e a espada de estado. São feitas em ouro, prata e pedras preciosas e são as mais antigas na Grã-Bretanha, datadas de meados do século XVI. Habitualmente, estas peças estão expostas ao público no Castelo de Edimburgo. Esta coroa esteve pousada sobre a urna da Rainha Isabel II quando esta esteve a ser velada na Catedral de St. Giles durante o período de luto que se seguiu à morte da monarca.

As honras serão recolhidas no castelo pelo Cortejo do Povo, com cerca de 100 pessoas que representam diferentes áreas da vida escocesa, segundo explica a BBC. À frente seguirão militares e músicos, seguindo-se membros do parlamento escocês juvenil e representantes de instituições de solidariedade e ainda jovens membros das Guias, Escuteiros e Boys and Girls Brigade.

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O Cortejo Real vai depois fazer um percurso entre o Palácio de Holyroodhouse e a Catedral de St. Giles, na qual terá lugar a celebração religiosa, com uma escolta militar. Quando esta acabar, a comitiva vai percorrer a Royal Mile, a avenida que atravessa o centro histórico da cidade de Edimburgo, de regresso ao castelo. Quem quiser ver passar os membros da família real e a escolta que os acompanha deve esperar ao longo desta avenida. No fim do momento religioso, haverá ainda uma saudação de 21 tiros disparados a partir do Castelo de Edimburgo e o evento será sobrevoado pelos Red Arrows, os acrobatas da Royal Air Force.

Depois de ter viajado da Escócia para Londres para desempenhar um papel de destaque na coroação, a pedra do Destino também estará na Catedral de St. Giles.

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Antes deste momento simbólico que se avizinha, o Rei presenteou a rainha com A Mais Antiga e Mais Nobre Ordem do Cardo (The Most Ancient and Most Noble Order of the Thistle), a honra mais elevada da Escócia, com efeito desde o passado dia 16 de junho. A ordem foi recuperada pelo Rei James VII e terá apenas 16 membros ou cavaleiros. Cabe ao monarca em funções nomear novos membros da ordem, à qual outros membros seniores da família real também pertencem, como por exemplo a princesa Ana e o príncipe William. Esta distinção serve para reconhecer o trabalho de destas figuras em prol vida nacional.

Com esta cerimónia, o Rei segue as pisadas da Rainha Isabel II. Em 1953, depois da sua coroação que aconteceu a 2 de junho, a antiga soberana também rumou à Escócia três semanas depois. A Rainha usou “roupas do dia a dia” e não trajes cerimoniais por decisão do palácio, para evitar que a cerimónia fosse interpretada como uma coração, segundo explica a BBC. O duque de Edimburgo acompanhou-a. A soberana esteve na Escócia durante uma semana de eventos. É preciso recuar até 1822 para encontrar a última cerimónia antes da protagonizada por Isabel II: nessa altura, o centro das atenções foi o Rei George IV.

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Edimburgo, o centro das celebrações

O primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, já anunciou que o evento contará com “um cortejo de público, um cortejo real, o serviço nacional de ação de graças e uma saudação de armas” em Edimburgo, cita a Sky News. “As pessoas que desejem marcar esta ocasião histórica podem envolver-se tanto a ver a transmissão pela televisão como a assistir aos eventos em pessoa.” Acrescentou ainda que mais informação será disponibilizada nas semanas que se seguem.

A primeira semana de julho, conhecida como Hollyrood Week, será de celebrações e deverá haver ainda uma festa de jardim no castelo de Edimburgo no dia 4 de julho, segundo relata a Hello.

Esta celebração acontece numa altura de alguma agitação política na Escócia. No passado mês de abril a anterior primeira-ministra, Nicola Sturgeon, decidiu abandonar o cargo e foi sucedida por Humza Yousaf. Várias polémicas têm colocado o Partido Nacional Escocês no centro da agenda mediática, como a detenção da própria Sturgeon e do seu marido. Em 2022, a governante tinha manifestado a sua vontade de realizar um segundo referendo sobre a independência da Escócia do Reino Unido, numa reação à vitória do Brexit. Em 2014, os escoceses tiveram oportunidade de manifestar a sua vontade e 55% decidiu que não queria a independência.

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