A ex-primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, já foi libertada depois de ter sido interrogada no decurso das investigações às finanças e doações do Partido Nacional Escocês, avançou a Sky News. Para já a antiga governante não foi acusada neste processo e, através do Twitter, já veio garantir que é inocente.

“Encontrar-me numa situação como a deste domingo quando estou certa de que não cometi nenhum crime é chocante e profundamente perturbador”, escreveu num comunicado publicado pouco depois de ter sido libertada. “A inocência não é apenas uma presunção, é um direito por lei. Sei, sem sombra de dúvida, que sou inocente“, sublinhou, aproveitando para deixar um agradecimento aqueles que estão a apoiá-la. Sturgeon admitiu que vai agora tirar alguns dias, mas que “em breve” estará de volta ao parlamento.

Nicola Sturgeon foi detida por volta das 10h00 deste domingo pela polícia escocesa. No entanto, as autoridades não revelaram a identidade da mulher, que foi identificada como Sturgeon imprensa internacional. “Uma mulher de 52 anos foi hoje, domingo, 11 de junho, detida como suspeita em relação a uma investigação em curso ao financiamento e às finanças do Partido Nacional Escocês”, informou um comunicado da polícia emitido este domingo e divulgado no Twitter.

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A ex-primeira-ministra escocesa foi libertada no mesmo dia, por volta das 17h30. Será agora enviado um relatório para o Crown Office and Procurator Fiscal Service (COPFS), a Procuradoria Geral da Escócia. Os procuradores vão então avaliar se existem provas suficientes que apontem para um crime e se a suspeita é ou não a responsável. A polícia afirmou que, por se tratar de uma investigação em curso, não fará mais comentários.

Um porta-voz da antiga primeira-ministra já reagiu para afirmar que Nicola Sturgeon “compareceu numa entrevista no decurso da qual foi detida e interrogada em relação à Operação Branchform” e acrescentou ainda que “tem consistentemente dito que iria cooperar com a investigação se pedido e continua a fazê-lo”, segundo cita a Sky News.

O Partido Nacional Escocês (Scotland National Party, SNP) não comenta os desenvolvimentos deste domingo. “Estas questões são assunto de uma investigação policial em curso”, disse um porta-voz do partido. “O SNP tem cooperado totalmente com esta investigação e vai continuar a fazê-lo, contudo não é apropriado abordar publicamente quaisquer assuntos enquanto a investigação está a decorrer.”

Apesar do silêncio do SNP, alguns membros já se pronunciaram sobre o caso. O escocês Craig Hoy pediu mesmo que a antiga governante seja suspendida do partido. “O SNP continua a estar mergulhado na escuridão e no caos. Humza Yousaf deve agora mostrar liderança e suspender a sua predecessora”, sublinhou, citado pela Sky News.

O marido de Nicola Sturgeon, Peter Murrell, já tinha sido detido (e libertado passados 12 horas sem acusação formalizada) em abril, no decorrer de uma investigação “sobre o financiamento e finanças do Partido Nacional Escocês”, depois de uma denúncia em relação à angariação de mais de 600 mil libras (o equivalente a cerca de 680 mil euros) recebidas pelo partido para a realização de um segundo referendo sobre a independência escocesa.

Nicola Sturgeon anunciou a renúncia ao cargo de primeira-ministra da Escócia em fevereiro, tendo saído em abril. Foi sucedida na liderança da Escócia e do partido por Humza Yousaf.

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Este será já, segundo o The Guardian, a terceira detenção a propósito destas investigações, denominada Operação Branchform. Além de Peter Murrell também o tesoureiro do partido, Colin Beattie, tinha sido detido para interrogatório em abril e também libertado sem acusação.

A polícia já tinha realizado buscas à sede do partido SNP, bem como à casa de Sturgeon e Murrell, no âmbito desta investigação.

O deputado pelo Partido Trabalhista (Labour) pelo Sul de Edimburgo e ministro sombra do partido Trabalhista para a Escócia, Ian Murray, reagiu à detenção de Nicola Sturgeon na rede social Twitter. “Este é um desenvolvimento de profunda preocupação e a investigação da polícia escocesa deve continuar sem interferência”, pode ler-se numa imagem publicada pelo membro do parlamento. “Há muito tempo que uma cultura de secretismo e encobrimento tem permitido o apodrecimento do coração do SNP”, escreveu ainda Murray e desafiou o líder escocês, Umza Yousaf, a “dizer o que sabe”, porque “o povo da Escócia merece respostas”.