“Controlamos tudo com este comando de videojogos.” Stockton Rush, diretor-executivo da empresa da OceanGate que construiu o submersível Titan que está desaparecido nas profundezas do Oceano Atlântico com cinco passageiros a bordo, mostrava ao repórter David Pogue, numa entrevista à CBS News, o Logitech F710, um equipamento que custa cerca de 40 euros e que é essencial para controlar a embarcação. O jornalista não conteve o riso: “Por favor”.

Como nota o jornal El Español, o Logitech F710 foi lançado em 2011 e concorreu, na altura, com o comando da Playstation, sendo uma alternativa idêntica — com a mesma distribuição de botões e com um design parecido. Ainda que esteja obsoleto para os padrões atuais e que tenham surgido equipamentos mais avançados, foi o utilizado no submersível, com algumas alterações à mistura.

[Já saiu: pode ouvir aqui o penúltimo episódio da série em podcast “Piratinha do Ar”. É a história do adolescente de 16 anos que em 1980 desviou um avião da TAP. E aqui tem o primeiro, o segundo, o terceiro e o quarto episódios. ]

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o jornalista na área de videojogos do Washignton Post, Gene Park, este procedimento é o padrão “em submarinos, tanques, drones”. “Eu sei que parece engraçado, mas é uma das coisas menos singulares num submarino”, escreveu, esta terça-feira, na sua conta pessoal do Twitter.

À ABC News, o professor de biologia marinha Peter Girguis coincide com a ideia de que o uso de um comando de videojogos é normal num submersível. “Essencialmente apenas se precisa de ir para a frente, para trás, para a direita, para cima, para baixo, então um comando de videojogos é perfeitamente suficiente para isso.”

“Eu entendo que seja surpreendente para as pessoas que submersíveis que andam em águas profundas possam ser controlado por algo tão simples”, reconhece Peter Girguis, que duvida que o comando de videojogos tenha estado na origem dos problemas que o Titan terá tido.

Após o possível desaparecimento do submersível, o Logitech F710 ganhou novamente popularidade, nota a imprensa internacional, estando já esgotado em plataformas como a Amazon. Em lojas de eletrónica portuguesas ainda estão disponíveis.