Fome, seca e conflitos armados: uma conjugação de fatores que está a agravar a situação humanitária no Corno de África, com 3,3 milhões de pessoas deslocadas na Etiópia, Somália e Quénia e que necessitam de “ajuda imediata”. O alerta é da Portugal com ACNUR – o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, que apela a donativos para financiar a “resposta de emergência”.
O cenário foi traçado, esta quinta-feira, à Rádio Observador pela diretora nacional da Portugal com ACNUR, que explica que há um número recorde de pessoas refugiadas e deslocadas internamente em necessidade urgente de assistência no Corno de África.
Está a viver-se a maior, mais longa e severa seca dos últimos 40 anos. São cinco épocas consecutivas sem chuva, o que afeta 23 milhões de pessoas que vivem numa situação de insegurança alimentar, fome severa e escassez de água. É uma situação muito dramática”, alerta Joana Brandão.
Trata-se de uma situação dramática que deu origem a uma crise humanitária “sem precedentes” nesta zona do globo e que deverá persistir durante este ano.
Ali, uma mulher somali de 82 anos, é uma das afetadas. “Nunca tinha passado por uma seca deste género. Obrigou-me a fugir do meu país em busca de comida”, diz, citada num comunicado divulgado pela Portugal com ACNUR. E as esperanças de regressar a casa são poucas. “A minha quinta, os meus animais e até a minha casa foram destruídos. Por isso, não há nada para onde voltar”, lamenta Ali.
Ouça aqui as declarações da diretora nacional da Portugal com ACNUR à Rádio Observador:
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Para além da fome e da seca, há os conflitos no Corno de África, que também continuam a obrigar “centenas de milhares de pessoas” a fugir em busca de um lugar mais seguro.
É neste contexto que a Portugal com ACNUR lançou uma campanha de sensibilização e angariação de fundos chamada “A Fome Está a Duplicar”. O objetivo é reunir donativos “para fazer face a esta emergência”.
Os donativos são destinados a alimentos nutritivos, a sementes e ferramentas para agricultura, mas também para apoiar o ACNUR nas resposta que tem no terreno ligadas à adaptação e mitigação das alterações climáticas, como abastecimento de água com camiões ou renovação de sistemas de água”, explica Joana Brandão.
A diretora nacional do Portugal com ACNUR explica que, quem quiser ajudar, pode fazê-lo através do site do organismo, fundado em 2021.