O Prius, o primeiro veículo electrificado da Toyota e o primeiro híbrido a ser produzido em massa no mundo, revelou agora a 5.ª geração, que irá chegar ao mercado português até final de Junho. Exportado para a Europa a partir do Japão, o novo modelo vai ser disponibilizado apenas na versão híbrida plug-in (PHEV), que promete mais potência, melhor comportamento e uma autonomia em modo eléctrico invejável.
O Prius começa por agradar à vista, exibindo uma estética mais moderna e atraente, com linhas fluídas. A sensação que transmite é boa e francamente superior às versões anteriores. O construtor anuncia uma carroçaria mais aerodinâmica, mas aqui surge a primeira surpresa negativa, uma vez que o coeficiente de penetração aerodinâmica (Cx) – que só conseguimos obter com algum esforço – é de 0,27, quando na geração anterior foi anunciado como sendo 0,24. Só para se ter uma ideia da concorrência, o Peugeot 308 mais acessível com motor a gasolina, cuja preocupação é ser atraente, mas sem grandes preocupações com a aerodinâmica, anuncia um Cx de 0,28 (e, já agora, um S.Cx de 0,63, fruto de um S=2,23). A Toyota admite que o Cx é menos bom, mas assegura que o S.Cx (o produto do Cx pela superfície frontal, que verdadeiramente define a facilidade do modelo em vencer a resistência ao ar) é melhor, o que não é evidente, uma vez que o novo Prius é ligeiramente mais largo, mas é muito mais baixo. Lamentavelmente, a Toyota não quis revelar o S.Cx do novo Prius para esclarecer a dúvida.
Mais curta (menos 4,6 cm), mas com uma maior distância entre eixos (mais 5 cm) para privilegiar a habitabilidade, a mais recente geração da berlina familiar japonesa, que viu a 1.ª geração surgir em 1997, está agora mais larga (2,2 cm), mas igualmente mais baixa (5 cm). Concebido sobre a plataforma GA-C, o novo Prius é, segundo a Toyota, construído com recurso a aço de alta resistência e outro prensado a quente, para incrementar a rigidez sem aumentar o peso, que foi fixado nos 1605 kg em condições de homologação (com condutor e combustível), com a marca a reclamar para este novo modelo as características necessárias para se tornar mais eficiente face às gerações anteriores.
Muito interessante é o facto de a Toyota ter mantido o tejadilho revestido a painéis solares, cujo rendimento aumentou nesta geração e que é proposto de série na versão mais bem equipada, a Premium. O tejadilho revestido a células fotovoltaicas promete transformar a luz recebida (com sol, mas também sombra), durante um dia estacionado algures em Nagoya, em electricidade suficiente para percorrer mais 8,7 km. É bom recordar que Nagoya é uma das principais cidades portuárias e industriais do Japão, que a Organização Mundial de Saúde classifica como estando 1,6 vezes acima do aconselhável para a saúde da população em termos de partículas suspensas no ar. Em Portugal, com níveis de poluição de inferiores, o rendimento do tejadilho solar do Prius será certamente superior.
Como é por dentro?
Mais largo e mais comprido entre eixos, o Prius oferece mais espaço para quem vai a bordo, tanto para as pernas como ao nível dos ombros. Para a cabeça o espaço difere consoante o local onde nos sentámos. Depois de afinarmos o banco para a nossa posição de condução ideal, ficámos agradados com a distância generosa que nos separava do tejadilho, mas depois de trocarmos de posto e nos sentarmos imediatamente atrás, constatámos que a bateria maior e instalada sob o assento posterior leva a que um passageiro com mais de 1,75 m toque com a cabeça no revestimento superior.
A posição ao volante é correcta e fácil de encontrar, com o condutor a ter finalmente à sua frente um ecrã de 7” que faz de painel de instrumentos – nas gerações anteriores este estava colocado ao centro do tablier –, visível por cima do volante, uma solução estilo Peugeot. Curiosamente e apesar de o volante não ser muito pequeno, conseguimos facilmente encontrar uma regulação agradável em que era possível visualizar todo o painel .
Ao centro surge um ecrã com 12,3” que dá acesso ao sistema de navegação e multimédia. É ainda através deste display que o Prius permite controlar as tecnologias de ajuda à condução que oferece, da segurança pré-colisão à assistência de manutenção na faixa de rodagem e alerta de tráfego transversal dianteiro, passando pela sistema Advanced Park, que pode ser controlado a partir do interior ou do exterior. Neste último caso, a partir de uma app no telemóvel do condutor, algures de pé, fora do carro. Outro dos avanços da 5.ª geração do Prius, comparado com os seus antecessores, prende-se especificamente com o reforço deste tipo de equipamento, bem como o funcionamento da navegação e do suporte de multimédia, que nos pareceu visualmente mais atraente, mais funcional e mais rápido do que noutros modelos da marca.
Mecânica com o dobro da potência. E nota-se
Até aqui, a Toyota sempre se referiu ao Prius, híbrido ou PHEV, como um veículo equipado com uma mecânica que sacrificou a potência e o prazer de condução, em troca de um menor consumo e emissões inferiores. Mas agora o construtor japonês mudou de discurso, mantendo o compromisso em relação à eficiência (consumo e emissões), mas perseguindo igualmente uma maior capacidade de aceleração. A prova é que o Prius da 4.ª geração anunciava 11,1 segundos para ir de 0-100 km/h, ao passo que esta geração se fica pelos 6,8 segundos, uma redução de 40% que permite ao mais recente dos Prius ser o primeiro a conseguir baixar (folgadamente) da fasquia dos 10 segundos para atingir 100 km/h.
O novo Prius continua a conjugar um motor principal atmosférico a gasolina, a funcionar segundo o ciclo Atkinson (para melhor eficiência), associado a um motor eléctrico. E se o primeiro aumentou a potência em 55%, passando de 98 para 152 cv, o segundo deu o brutal salto de 122%, tendo o seu rendimento evoluído de 72 cv para 163 cv. Isto explica o ganho na capacidade de aceleração, o que sentimos ao volante, sendo este o primeiro Prius em que é possível manter um ritmo de condução vivo. Obviamente não estamos perante um desportivo, mas com um total de 223 cv, pelo menos enquanto a bateria tiver energia – como é habitual entre os PHEV –, o modelo revela uma agilidade até agora nunca vista num Prius.
Mas nem só os motores, a combustão e eléctrico, viram as suas especificações melhorarem. Também a bateria, que continua a ser de iões de lítio, viu a sua capacidade aumentar de 8,8 para 13,6 kWh, recarregável a 3,3 kW em corrente alternada (AC). Este incremento de 54,5% fez disparar a autonomia dos anteriores 45 km (com jantes 15”) para uns bem mais impressionantes 86 km, se o modelo montar jantes 17”, ou 72 km se recorrer a jantes 19”, um aumento de autonomia de 91% ou 60%, consoante as jantes utilizadas pela mais recente geração do Toyota, sabendo-se que quanto maior for a superfície de contacto do pneu com o solo, maior o atrito e, por tabela, o consumo. Ainda assim e mesmo com jantes maiores, o novo Prius consegue assumir-se como a melhor proposta deste segmento entre os modelos PHEV.
Como é ao volante?
Testámos a mais recente geração do Toyota Prius em Hamburgo, na Alemanha, onde iniciámos um percurso misto a 50%, entre cidade e estrada/auto-estrada, sempre em modo de condução Normal – o modelo disponibiliza os modos Eco, Normal e Sport, existindo ainda o Custom, em que o condutor pode personalizar separadamente cada uma das características. Fizemos metade do percurso com o ar condicionado ligado e o resto sem nada que nos protegesse do pouco habitual calor que se fazia sentir nos arredores da cidade que possui o maior porto de mar alemão e a maior zona industrial da Europa.
O meio urbano continua a ser o terreno de eleição para o Prius, como para qualquer outro PHEV, mas este revelou ser possível atingir uma autonomia de superior a 80 km sempre em modo eléctrico, seguindo o ritmo do trânsito e sem grandes preocupações em relação ao consumo. Depois da cidade veio a estrada e a auto-estrada, sendo que percorremos esta última a uma velocidade média que oscilava entre 100 e 120 km/h. O consumo aumentou ligeiramente com o incremento da velocidade, mas nada que impedisse o Prius de percorrer 71,5 km antes de ficar sem energia na bateria, o que não só é um excelente valor, como corresponde aos 72 km anunciados pelo fabricante, uma vez que estávamos a bordo de uma versão equipada com pneus 195/50 em jantes de 19”.
Não tivemos oportunidade de determinar o consumo em modo exclusivamente híbrido, que fica já agendado para quando tivermos acesso ao veículo em Portugal, mas conseguimos testar a possibilidade de recarregar a bateria com o motor de combustão, enquanto circulávamos. Em cerca de 10 minutos, o motor de combustão gerou energia para percorrer 6 km em modo EV, uma solução que energeticamente não é eficiente, mas que permite o PHEV continuar a circular numa zona em que não seja possível emitir ruído ou emissões.
Depois de consumirmos a energia a bordo, pudemos adoptar uma condução mais dinâmica, descobrindo o potencial do primeiro Prius capaz de se mover com rapidez e dar gozo ao condutor. É certo que o motor ainda sobe mais de rotação do que o veículo de velocidade, como é típico destas caixas de velocidade, mas a diferença é agora menor e aceitável, sendo possível realizar uma ultrapassagem nos limites ou adoptar uma condução desportiva sem problemas – para o que contribuem suspensões McPherson à frente e independentes atrás com triângulos sobrepostos –, neste modelo que continua a sentir mais à-vontade num ritmo civilizado e preocupado com o consumo.
Quando chega a Portugal e por quanto?
Já é possível encomendar o novo Prius em Portugal e as entregas das primeiras unidades desta 5.ª geração do Prius – modelo de que a Toyota já produziu mais de 5,8 milhões de unidades, ainda que apenas 463 mil tenham chegado à Europa desde 1997 – a clientes nacionais arrancarão até ao final do presente mês de Junho. A versão de entrada, a mais acessível Exclusive, é comercializada por 41.990€ (34.138€+IVA para as empresas que podem recuperar este imposto), incluindo já um nível de equipamento bastante completo.
Os mais exigentes podem sempre optar pelo nível de equipamento Luxury, o intermédio, mais enriquecido e proposto por 44.190€ (35.927€+IVA), com o topo de gama do Prius, o Premium, a exigir em troca 49.690€ (40.398€+IVA).