Foi detetado o chamado “fundo cósmico” de ondas gravitacionais, uma espécie de ruído de fundo que pode permitir compreender melhor o “Big Bang”, o momento que a Ciência descreve como a origem do universo. O anúncio foi feito esta quinta-feira pelos investigadores em astronomia que há anos tentam confirmar este fenómeno.

É uma notícia gigante“, afirmou Stephen Taylor, presidente do North American Nanohertz Observatory for Gravitational Waves (mais conhecido por Nanograv). O astrofísico, ligado à universidade de Vanderbilt, nos EUA (na cidade de Nashville, Tennessee), explicou que estes sons serão produzidos pela lenta colisão de buracos negros espalhados pelo universo.

 [Já saiu: pode ouvir aqui o último episódio da série em podcast “Piratinha do Ar”. É a história do adolescente de 16 anos que em 1980 desviou um avião da TAP. E aqui tem o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e o quinto episódios. ]

Esta é, segundo os investigadores envolvidos, a confirmação de algo que Albert Einstein teorizou há mais de um século. “Estamos extraordinariamente entusiasmados pelo facto de, após décadas de investigação feita por centenas de astrónomos e físicos em todo o mundo, estarmos pela primeira vez a ver as evidências de ondas gravitacionais no universo distante”, complementou Michael Keith, investigador ligado ao Jodrell Bank Centre for Astrophysics e que integrou a equipa europeia que contribuiu com informação sobre este fenómeno.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Apesar de a investigação ter detetado este “fundo cósmico”, os cientistas sublinham que a hipótese de serem produzidos pela colisão de buracos negros é apenas isso – uma hipótese, embora seja a hipótese vista como “mais plausível”. Porém, os investigadores reconhecem que não podem ser descartadas explicações alternativas para este fenómeno que a ciência agora confirmou.

Ouça aqui “A História do Dia” em que Carlos Fiolhais antecipou o anúncio que foi feito esta madrugada.

Cientistas confirmam ter encontrado o “fundo cósmico” de ondas gravitacionais

Um cosmologista citado pelo jornal The Guardian, Andrew Pontzen, da University College London, elogia a descoberta. “Não é todos os dias que conseguimos ter uma visão do universo sob um prisma totalmente novo mas, depois de 15 anos de trabalho paciente, o Nanograv parece estar a proporcionar-nos isso mesmo”, afirma o especialista, acrescentando que “é muito entusiasmante ver estas evidências preliminares da existência destas ondas, que no futuro irão ensinar-nos muito sobre os buracos negros super-massivos, que têm uma dimensão de centenas de milhões de vezes superior à do Sol”.

Apesar de os detalhes terem sido publicados na madrugada desta quinta-feira, a descoberta foi formalmente anunciada numa conferência de imprensa esta tarde com a presença dos cientistas Stephen Taylor, Thankful Cromartie, Michael Lam, Luke Kelley e Maura McLaughlin, em representação de vasta equipa que desenvolveu o projeto. A gravação dessa conferência de imprensa pode ser vista aqui.