Foi o jogo mais intenso, menos bem jogado, com mais faltas, cartões azuis e penáltis até agora de Portugal no Europeu de hóquei em patins. Em resumo, não foi nada bonita a forma como a seleção nacional bateu a França por 5-2. No entanto, foi também o encontro que deixou Portugal mais perto do título.
Há exatamente dois dias, Portugal defrontou a França na fase de grupos do Europeu de hóquei em patins. Desta vez, a situação era diferente. “Uma fase de grupos é por pontos, pode-se errar, aqui não podemos errar. Temos que ser certeiros nas opções a tomar e acreditamos muito nestes jogadores. O jogo mais importante é, com a França. Tudo faremos para ganhar e estarmos presentes na final”, disse o selecionador nacional, Renato Garrido, após Portugal ter goleado a Inglaterra por 15-2 nos quartos de final.
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A França conseguiu apenas um ponto na fase de grupos. Num grupo tão competitivo, com Portugal, Espanha e Itália, não era propriamente fácil fazer leituras desse desempenho. Restava saber o que podiam fazer os gauleses em jogos a eliminar. Diante da Suíça, nos quartos de final, deram-se bem e venceram por 5-0. “Temos a certeza de que será uma França diferente, porque também houve uma gestão por parte do selecionador francês tendo em conta esta fase de decisão”, continuou Renato Garrido.
Portugal realizava o quinto jogo em cinco dias com o objetivo, na perspetiva do treinador nacional, de acrescentar uma final ao calendário preenchido. “Vimos de jogos bastantes difíceis, desgastantes, intensos e competitivos. Agora encontramo-nos nesta fase para nos tentarmos apurar para a final. Esse é o nosso grande objetivo. Espero uma França difícil, que já é respeitada por toda a gente, e nós, com o máximo respeito pelo adversário, queremos estar na final”.
Portugal voltou a conseguir fazer aquilo que por várias vezes conseguiu ao longo do Europeu que decorre em Espanha, em Sant Sadurní d’Anoia: marcar ainda dentro do primeiro minuto de jogo. Telmo Pinto abriu o marcador ainda nem 30 segundo estavam jogados. Percebeu-se que Portugal vinha com uma intensidade completamente diferente da que apresentou em qualquer uma das partidas anteriores, nomeadamente ao nível da circulação de bola.
Não se podia dizer que a França estivesse por baixo com a demonstração de equilíbrio a chegar com uma aproximação à área em que João Rodrigues intercetou um remate com o patim, concedendo uma grande penalidade. Rémi Herman viu a bola entrar lentamente na baliza depois do remate quase ser defendido por Pedro Henriques. Estava feito o empate com alguma sorte à mistura.
A seleção nacional voltou a saltar para a frente do resultado numa ligação entre João Souto e Rafa. Juntos festejaram o 2-1 ajoelhados no chão. O altruísmo de João Souto foi compensado com um golo por trás da baliza que deixou Portugal ainda mais confortável.
Rafa voltou a estar em evidência, desta vez, pela negativa. Depois de uma finta em que passou a bola por trás das costas, o jogador do FC Porto perdeu a posse e fez uma falta por trás sobre Roberto Di Benedetto. Seguiu-se o consequente cartão azul e livre direto. O irmão, Carlo Di Benedetto, cobrou de forma direta, fazendo o 3-1.
A França voltou a colocar-se em problemas. Roberto Di Benedetto escorregou e, enquanto deslizava, inevitavelmente, rasteirou Gonçalo Alves, vendo cartão azul. O jogador do FC Porto também optou pelo remate imediato e não desperdiçou. No entanto, Gonçalo Alves devolveu a imprudência e derrubou de forma clara Carlo Di Benedetto dentro de área. Rémi Herman tentou repetir a façanha, mas Pedro Henriques defendeu.
O confronto físico entre os dois jogadores dos dragões, Carlo e Gonçalo, subiu de tom. Di Benedetto retribuiu o encosto. Mantendo o mesmo critério, o árbitro deu azul ao francês e Gonçalo Alves voltou a bater o guarda-redes Pedro Chambell. A partida seguia pautada pelas bolas paradas. João Rodrigues voltou a fazer falta na área, desta vez empurrando Roberto Di Benedetto que acertou no poste na tentativa de conversão.
A segunda parte começou como terminou a primeira, ou seja, com um penálti a favor da França, o quarto do encontro, este cometido por Telmo Pinto quando estava no chão por ter sido derrubado por um adversário. Rémi Herman voltou a perder o confronto com Pedro Henriques que se ia afirmando como a figura do encontro, demonstrando-o de novo a seguir numa dupla intervenção de excelente nível.
João Rodrigues estava muito errático defensivamente e voltou a cometer falta para livre direto. O destino foi o mesmo. Desta vez, Carlo Di Benedetto conduziu a bola, mas nem assim reduziu. A França ficava a dever muito à eficácia neste tipo de lances. Gonçalo Alves também parecia ter esgotado os créditos. Ao terceiro livre direto que o internacional português se encarregou de marcar, desperdiçou e assim Portugal não penalizou a décima falta dos gauleses.
De bola corrida, Portugal foi superior e criou várias ocasiões para voltar a marcar. Já nos instantes finais, João Souto quase o conseguiu num lance de belo efeito, mas o jogo terminaria mesmo 5-2. Portugal está assim de volta a uma final que escapava desde 2018 e tem hipótese de reconquistar um título que a seleção não atinge desde 2016. O adversário da equipa de Renato Garrido vai sair do Espanha-Itália que se joga esta noite.