O takahē (ou tacaé-do-sul) é uma espécie de ave cujos primeiros dados remontam à era pré-histórica do Pleistoceno. Durante décadas esteve perto da extinção, mas finalmente regressou ao seu habitat. Dezoito destas aves foram libertadas na semana passada no vale do lago Whakatipu Waimāori, uma zona na falha alpina na Ilha do Sul em Nova Zelândia, segundo o jornal britânico The Guardian.
Com cerca de 63cm e um par de asas que não lhe permite voar, esta ave tem plumagem em tons de azul-violeta, o que confere ao takahē uma aparência pré-histórica que “dá cor” ao verde dos vales da Nova Zelândia.
“Têm um aspeto quase pré-histórico”, diz Tumai Cassidy, da tribo Ngāi Tahu, citado pelo jornal britânico. Para estes donos das terras onde os takahē foram libertados, o significado é outro. A tribo vê nesta ave a imagem dos antepassados e os duelos necessários que levaram à conquista daquelas terras. Por este motivo, chegaram a enfrentar uma batalha jurídica para que esta espécie fosse libertada.
“Há poucas coisas mais bonitas do que ver estes grandes pássaros a galopar de volta às terras de tussock onde não andam há mais de um século”, contempla Tā Tipene O’Reagan, um Ngāi Tahu “rangatira” — ou seja, ancião.
Conhecidas por habitarem zonas montanhosas e de difícil acesso, a presumida extinção veio em 1898 com a chegada dos companheiros de viagem dos colonizadores europeus: arminhos, gatos, furões e ratos.
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No entanto, em 1948 foi descoberta uma pequena população nas montanhas de Murchinson, na Ilha do Sul. De forma a proteger a espécie e evitar a sua extinção em definitivo, alguns investigadores recolheram e incubaram artificialmente ovos de takahē, alimentando as crias à medida que nasciam. As aves foram posteriormente colocadas pelo Departamento de Conservação (DOC) em santuários e parques naturais fortemente armadilhados.
O esforço da Nova Zelândia para a proteção de espécies em risco não é de agora. O país tem como objetivo até 2050 a eliminação de predadores como ratazanas, gambás e arminhos.
Se a adaptação destes takahē correr dentro do esperado, está planeado libertar mais sete já em outubro e até 10 juvenis no início do próximo ano.
“Depois de décadas de trabalho árduo para aumentar a população de takahē, é gratificante concentrarmo-nos agora no estabelecimento de mais populações selvagens”, diz Deidre Vercoe, gestora de operações de recuperação takahē. Mas a mesma responsável alerta que “há desafios — o estabelecimento de novas populações de espécies nativas selvagens pode levar tempo e o sucesso não é garantido”.
Atualmente, a população de takahē conta com 500 aves e uma taxa de crescimento anual de 8%.