Os sindicatos mais representativos da PSP e da GNR salientaram esta segunda-feira a difícil missão que os novos responsáveis pelas duas forças de segurança têm pela frente e reiteraram a necessidade de serem melhoradas as condições dos seus profissionais.

Em declarações aos jornalistas após a tomada de posse dos novos comandante-geral da GNR, tenente-general Rui Ribeiro Veloso, e diretor nacional da PSP, superintendente-chefe Barros Correia, no Ministério das Finanças, em Lisboa, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP-PSP) manifestou votos de sucesso, mas pediu também que não seja branqueada a atual situação dos polícias.

Tem uma tarefa árdua pela frente. A PSP está a atravessar momentos muito difíceis e complexos. Sabemos todos da falta de atratividade e dos constrangimentos operacionais a nível de financiamento, etc. A figura e o perfil do diretor é importante, mas não é determinante naquilo que será a missão futura da direção nacional da PSP”, disse Paulo Santos.

Para o dirigente da ASPP-PSP é também indispensável que haja da parte do Ministério da Administração Interna “o investimento e os recursos necessários” no sentido de a direção nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) não continuar “neste paradigma de cortar férias e folgas para que a PSP possa funcionar”.

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Já o presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG-GNR), César Nogueira, mostrou-se satisfeito por ver pela primeira vez um oficial da força de segurança a chegar ao topo da hierarquia da Guarda Nacional Republicana (GNR) e garantiu a disponibilidade do sindicato para ajudar o novo comandante-geral a encontrar soluções. Porém, apelou a uma “mudança de política“, com prioridade à valorização salarial dos seus elementos.

O orçamento tem de ser melhorado logo à partida. É preciso muito dinheiro que não tem sido investido ao longo dos anos. Não vamos querer exigir tudo de uma vez, mas que comecem a dar um passo… O que é certo é que de palmadinhas nas costas estamos todos cansados”, frisou o dirigente sindical num recado dirigido ao Governo.

O presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT), Jorge Bacelar Gouveia, compareceu igualmente na tomada de posse dos novos responsáveis da PSP e GNR e fixou como um dos principais desafios para o futuro o tema da atratividade das forças de segurança.

Neste momento há um desafio importante no que diz respeito ao recrutamento das forças de segurança. Tem havido uma diminuição da procura nas carreiras policiais e isso deve preocupar as forças de segurança e os seus responsáveis máximos”, observou, enumerando ainda as questões colocadas pela emigração e pela violência juvenil em termos operacionais.

O constitucionalista reiterou também a existência de “problemas de equipamento e novas perspetivas de segurança”, que exigem “mais cooperação” com os serviços de inteligência: “Muitas vezes, há certos espartilhos e certas capelinhas que ainda subsistem“.

O tenente-general Rui Veloso, 53 anos, foi promovido ao atual posto no dia 16 de agosto de 2023 e vai ser o primeiro comandante-geral da GNR oriundo da própria Guarda, até agora comandada por oficiais generais do Exército.

O superintendente-chefe Barros Correia, 58 anos, ocupa desde 2018 o cargo de secretário-geral dos Serviços Sociais da PSP, tendo exercido as funções de presidente do Grupo de Cooperação Policial da União Europeia durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, comandante regional dos Açores e oficial de ligação do Ministério da Administração Interna na Embaixada de Portugal na República Democrática de São Tomé e Príncipe.