O oligarca russo Mikhail Fridman foi formalmente notificado pelos Serviços de Segurança Ucranianos (SBU) de ser suspeito de “financiar” a invasão russa, segundo noticia o Financial Times. Fridman foi crítico da invasão e alvo de sanções na Europa e nos Estados Unidos.
“Para financiar os ‘planos’ agressivos do Kremlin, o oligarca usou os bens do consórcio financeiro e de investimentos Alfa Group, controlado por si”, segundo se lê no comunicado da SBU, citado no jornal britânico.
Fridman nasceu e cresceu na cidade ucraniana de Lviv, ainda no contexto da antiga União Soviética, mas mudou-se para a Rússia onde se tornou milionário. O seu nome foi bastante referido no ano passado, por ser dono do fundo de investimento que controla a cadeia de supermercados espanhola Dia, que está em processo de venda dos supermercados portugueses Minipreço.
Atualmente o empresário vive em Londres e, segundo o jornal, não se sabe se e como terá recebido a notificação. Recentemente um jornalista ucraniano terá publicado imagens de si próprio na capital britânica a perguntar a Fridman sobre a guerra, enquanto este se recusava a responder sem os seus advogados, relata o FT.
Dois dos maiores empresários na Rússia quebram silêncio e criticam invasão
Fridman foi notícia no passado mês de agosto por integrar uma lista de nomes sancionados pelo Tesouro norte-americano destinada a elites russas e a uma associação de negócios russa, a Russian Association of Employers the Russian Union of Industrialists and Entrepreneurs (RSPP), a cujo comité Fridman preside. O empresário é também fundador do Alfa Group e, embora se tenha retirado do conselho supervisor, mantém-se envolvido no grupo, segundo descreve o site do Tesouro norte-americano.
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Em 2017 Mikhail Fridman foi considerado pela Forbes o sétimo homem mais rico da Rússia. Pouco depois da invasão da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022, o empresário foi um dos oligarcas a sofrer sanções da União Europeia e do Reino Unido, apesar de ter sido crítico da iniciativa russa. Com contas congeladas, sem poder usar o cartão bancário e tendo de pedir autorização para gastar dinheiro ao governo britânico, chegou a dizer à Bloomberg que não sabia “como viver”.