Rui Rio não parece disposto a abraçar uma candidatura presidencial em 2026. Reagindo aos rumores que dão conta de uma eventual disponibilidade para entrar na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, o antigo líder do PSD deixou claro que esse desafio não está nos seus planos e que um possível regresso à vida política ativa está completamente afastado.

Esta quarta-feira, o jornal Público dá corpo às informações que há muito circulam nos bastidores do PSD: apesar de ter deixado a liderança do partido com a promessa de que o seu percurso político terminava ali, Rui Rio tem tido vários encontros — almoços e jantares mais e menos discretos — com muitos dos seus apoiantes de sempre e outros representantes da sociedade civil. Nesses serões, Rio já recebeu apelos para que pondere uma eventual candidatura à Presidência da República.

Citando fonte próxima do antigo presidente da Câmara do Porto, o mesmo jornal adianta que Rui Rio “tem recebido muitos impulsos e muitos apelos para avançar com uma candidatura, mas em lado nenhum disse ou deu a entender que estaria disponível, nunca o fez e também não tenciona fazê-lo, pela simples razão que considera prematuro estar a discutir o tema a 27 meses de distância das eleições presidenciais, porque isso é queimar uma hipótese”.

Ora, na rede social X (antigo Twitter), Rui Rio reagiu à publicação da notícia, descartando qualquer plano nesse sentido. “Não percebo as fontes desta notícia, porque quem fala comigo sabe que, depois de tudo o que eu vi (e vivi), a minha vontade de voltar à política não é nenhuma“, escreveu o antigo líder social-democrata.

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Na verdade, as várias aparições de Rio (seja em almoços, jantares ou colóquios à porta fechada para os quais é convidado) têm despertado grande curiosidade nos bastidores do partido. Ainda no final de junho, fonte próximo do antigo líder do PSD confirmava ao Observador que Rio estava “ativo” e que ia mantendo ligação àqueles que acompanharam mais de perto a sua presidência — José Silvano, António Maló de Abreu, André Coelho Lima, Salvador Malheiro, Adão Silva e Paulo Mota Pinto, por exemplo, já marcaram presença nesses repastos.

Quem costuma participar desses almoços e jantares mais restritos garante que o antigo presidente social-democrata ouve mais e intervém menos. O Observador sabe que ninguém faz grande esforço para esconder críticas ao rumo que Luís Montenegro está a dar ao partido e às opções políticas que são tomadas — ainda assim, Rio será dos menos vocais nesses reparos.

Sobre as eventuais aspirações presidenciais de Rui Rio, fonte próxima do ex-presidente da Câmara do Porto dizia ao Observador, ainda em junho, que estavam no plano do quase impossível. “Tinham de o levar ao colo“, desabafava um elemento do núcleo duro do social-democrata. Ainda assim, em jeito de ironia, e atendendo à má relação entre Rui Rio e Luís Marques Mendes, a mesma fonte deixava um aviso: “Se o PSD puser o Marques Mendes, ele também vai. Nem que vá como independente”.

Apesar da provocação, não parece ser essa a vontade real de Rio. Aos mais próximos, o ex-líder do PSD vai dizendo que quer que deixem sossegado e que já teve a sua dose de leão. A sua vida política ativa já chegou ao fim e chega de mais aventuras. Es reicht, em bom alemão. Traduzindo: é o suficiente.

O jornal Público revela também que Rui Rio teve um almoço discreto, num restaurante do Porto, onde as eleições europeias e presidenciais foram tema de conversa. Além disso, o antigo líder do PSD tem aceitado participar em colóquios à porta fechada (organizados por universidades, por exemplo) sobre economia e política, onde não deixa de criticar o caminho escolhido pelo Governo socialista. Tudo somado, Rio anda por aí; mas sem vontade de protagonizar um regresso à luta política. Até ver, pelo menos.