Ativistas do movimento Greve Climática Estudantil concentram-se esta sexta-feira junto ao Ministério Público de Oeiras, onde serão ouvidos os 16 ativistas detidos pela PSP na quinta-feira por terem tentado bloquear o acesso ao Conselho de Ministros, em Algés. Uma das ativistas acabou por ser detida pelas autoridades ao tentar sair da zona onde estava autorizada a permanecer, resistindo às tentativas da PSP de a fazer voltar para o perímetro da manifestação.
Os ativistas, que tinham marcado para esta sexta-feira uma marcha pelo clima na Cidade Universitária de Lisboa, anunciaram em comunicado que a iniciativa vai afinal decorrer junto do Ministério Público de Oeiras, às 10h00, em solidariedade com os jovens detidos na quinta-feira e que terão de se apresentar hoje naquele local.
Governo desdramatiza manifestação pela ação climática à porta do Conselho de Ministros
No comunicado, os jovens lembram que tanto a ação de quinta-feira como a desta sexta-feira têm como revindicações o fim dos combustíveis fósseis até 2030 e a eletricidade 100% renovável e acessível até 2025.
Com as detenções desta sexta-feira o Governo “provou que prefere reprimir e ignorar os jovens, do que aceitar a ciência e criar um plano para a transição justa” que garanta “um futuro num planeta habitável”, diz a ativista Beatriz Xavier, porta-voz do protesto.
Os estudantes garantem que este semestre “não vai haver paz até o Governo declarar que este vai ser o último inverno de gás”, e convocam “uma onda de ações estudantis pelo fim ao fóssil, a começar a 13 de novembro”.
No comunicado em que anunciavam a marcha internacional pela justiça climática desta sexta-feira, os ativistas convocavam “estudantes, pais, famílias, professores, cientistas, precários e cidadãos a participarem” no protesto, recordando que a humanidade viveu “os meses de junho e julho mais quentes alguma vez registados”.
Lembrando que os desastres climáticos serão tendencialmente cada vez mais extremos e que o Governo “sempre teve conhecimento dos avisos dados pela ciência climática”, a organização da marcha lamentava que o executivo tenha escolhido “ignorar e reprimir os estudantes que se manifestavam”.
Não podemos permitir que o governo continue a agravar a crise climática em que já vivemos, escolhendo continuar a investir em combustíveis fósseis, e em particular no gás fóssil. (…) O plano compatível com a ciência e a justiça climática é acabar com os combustíveis fósseis em Portugal até 2030 e transicionar para eletricidade 100% renovável e acessível até 2025, garantindo que 2023/24 é o último inverno de gás, no país”, alertavam.
A PSP deteve quinta-feira de manhã, por desobediência, 16 ativistas que bloquearam o acesso ao Conselho de Ministros e identificou outros três jovens por terem participado na ação de protesto.
Em comunicado divulgado a propósito da ação, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP (Cometlis) referiu que às 0h54 de quinta-feira, em Algés, no concelho de Oeiras, decorreu uma manifestação não comunicada nos termos da legislação em vigor promovida pelo grupo Greve Climática e Estudantil de Lisboa.
A PSP sublinha que, durante o protesto, vários jovens bloquearam os portões de acesso às antigas instalações do Ministério do Mar e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), onde decorreu o Conselho de Ministros, acorrentando-se e colando-se aos portões e portas de acesso ao edifício.
No comunicado, a PSP indica ainda que vai ser aberto um processo de inquérito interno para esclarecer as circunstâncias em que decorreram os protestos, uma vez que o local é vigiado pela polícia.