Primeiro em comunicado às redações e, mais tarde, de viva voz: João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, nega de forma “veemente” a notícia avançada esta sexta-feira pelo semanário Expresso. Em causa está o depoimento de Paulo Branco, um dos acusados de crimes de corrupção e branqueamento de capitais no âmbito da operação Tempestade Perfeita, que implicou o ministro João Gomes Cravinho no caso de um alegado contrato fictício, na ordem de 50 mil euros mais IVA, rondando assim os 60 mil euros.

O gabinete do ministro emitiu na manhã desta sexta-feira uma nota de repúdio à informação.”Repudio de forma veemente e inequívoca a sugestão feita na manchete do jornal Expresso, baseado aliás em informações pouco credíveis, como fica claro pela leitura do respetivo artigo”, é possível ler na nota enviada.

“Partilho e reafirmo com total transparência as respostas enviadas ao referido semanário, e que retomam declarações públicas minhas sobre a matéria”, acrescenta.

A acompanhar a nota, é feita a partilha de dois excertos da intervenção de João Gomes Cravinho na Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República, em julho. Num deles, o ministro disse que “não conhecia o professor Marco Capitão Ferreira antes de exercer as funções de MDN”, mas que, com a entrada em funções, apercebeu-se “rapidamente”  de que “era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado nesta área muito especializada”. Na Comissão, o ministro garantiu que a “designação para as funções de presidente da IDD ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, no exercício de funções de responsabilidade”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em declarações aos jornalistas, em Malta, onde está a acompanhar António Costa na cimeira dos Países do Mediterrâneo, Gomes Cravinho garantiu que as declarações feitas à Comissão continuam atuais e verdadeiras. “Eu sei aquilo que eu fiz e aquilo que eu disse, reitero o disse em vários momentos públicos e não me compete, naturalmente, estar a comentar insinuações, notícias que aparecem nos jornais ou o que está em curso no âmbito de investigação judicial.”

Questionado sobre se mantém as condições políticas para se manter no cargo, assegura que “as condições são exatamente as mesmas que eram antes de haver uma manchete no jornal”.

De acordo com o Expresso, Gomes Cravinho, então ministro da Defesa, “tinha concordado” ou “até pedido” para que fosse feito um contrato de assessoria com Capitão Ferreira, o ex-secretário de Estado da Defesa, escreve o jornal. Marco Capitão Ferreira saiu do Governo no início de julho, quando foi constituído arguido no processo.

Ainda segundo o Expresso, o depoimento foi feito no interrogatório complementar feito a 27 de julho, à procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, Celestina Morgado. Paulo Branco disse que Capitão Ferreira “participou naquilo a que”, no Ministério, era chamado de “Grupo Ninja”, ou “‘Black Ops’, para usar uma expressão militar”, para elaborar, de forma não oficial, um estudo para a “revisão do sector empresarial do Estado da Defesa”. O depoimento sugere, assim, a existência de uma ligação entre o contrato de assessoria à Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN), que alegadamente teria servido para recompensar os trabalhos na tal comissão.

Ao Expresso, o gabinete de Gomes Cravinho, agora com a pasta dos Negócios Estrangeiros, refere que se tratam de “dois processos distintos” e que “não houve qualquer orientação de João Gomes Cravinho no sentido de que o contrato de assessoria estabelecido pela DGRDN [Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional] serviria de compensação pelos trabalhos realizados”.

Em julho, o Observador já tinha avançado que a Polícia Judiciária (PJ) estava a investigar a possível relação entre o contrato de prestação de serviços fictício de Capitão Ferreira e o alegadamente aconselhamento ao ministro.

PJ investiga relação de contrato fictício de Capitão Ferreira com alegados serviços prestados ao ministro João Gomes Cravinho

O gabinete do ministro emitiu na manhã desta sexta-feira uma nota de repúdio à informação avançada pelo semanário do grupo Impresa. “Repudio de forma veemente e inequívoca a sugestão feita na manchete do jornal Expresso, baseado aliás em informações pouco credíveis, como fica claro pela leitura do respetivo artigo”, é possível ler na nota enviada.

“Partilho e reafirmo com total transparência as respostas enviadas ao referido semanário, e que retomam declarações públicas minhas sobre a matéria”, acrescenta.

A acompanhar a nota, é feita a partilha de dois excertos da intervenção de João Gomes Cravinho na Comissão de Defesa Nacional, em julho. Num deles, o ministro disse que “não conhecia o professor Marco Capitão Ferreira antes de exercer as funções de MDN”, mas que, com a entrada em funções, apercebeu-se “rapidamente”  de que “era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado nesta área muito especializada”. Na Comissão, o ministro garantiu que a “designação para as funções de presidente da IDD ficou a dever-se exclusivamente à sua trajetória académica e profissional, com uma estreita ligação às indústrias de defesa, no exercício de funções de responsabilidade”.

As reações à notícia sucedem-se

Ao lado de Gomes Cravinho, António Costa disse em Malta, que “o ministro fez um comunicado que é de todo o Governo”. “Se é do ministro dos Negócios Estrangeiros é um comunicado de todo o Governo”, vincou.

Os partidos também já estão a reagir à manchete do Expresso. Na Assembleia da República, o PSD, através de António Proa, considera que o ministro “diz sempre que não viu, que não sabe, que não conhece”. E, aos olhos do partido, um ministro que “nada sabe e que nada conhece não pode ser responsável, é um ministro que está diminuído para exercer a sua função”. O PSD lançou ainda o desafio a António Costa, chefe do Governo, para que faça a sua avaliação, “se ainda não a fez” e que “preste contas ao parlamento”.

(Atualizado às 12h53)