Sob o lema “Ajudar quem ajuda”, os Prémios BPI e Fundação “la Caixa” são atribuídos anualmente com o fim de apoiar projetos de instituições privadas do terceiro setor, que desenvolvem ações concretas junto da população. Criados em 2010, já distinguiram 307 projetos, com um montante superior a 9,7 milhões de euros, tendo ajudado mais de 49 mil pessoas.
“O Prémio Capacitar foi pioneiro a apoiar a temática da deficiência, servindo como rede de segurança não só no âmbito das terapias, mas também para garantir atividades de ocupação e empregabilidade de pessoas com deficiência, existindo a grande preocupação de conseguir que esta população vulnerável com níveis de precariedade e pobreza superiores à média da população geral – tenha uma hipótese de reinserção social e possibilidade de se sentir útil”, sublinha Carlos Farinha Rodrigues, membro do júri e professor do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG).
Em 2021, 30,5% das pessoas com deficiência encontravam-se em risco de pobreza ou de exclusão social, segundo o relatório “Pessoas com Deficiência em Portugal – Indicadores de Direitos Humanos 2022″, do Observatório da Deficiência e Direitos Humanos (ODDH-ISCSP). Para contribuir para uma maior inclusão social, autonomia, emprego e bem-estar as candidaturas vencedoras receberam no total 1.072.820 euros e cada uma, em média, mais de 34.600 euros.
Com o objetivo de dar respostas sociais que aumentem a qualidade de vida destas pessoas, bem como das suas famílias, a criatividade e diversidade dos projetos foram apostas ganhas na edição de 2023. Mas o papel desempenhado vai mais além e tem resultados visíveis no terreno: “Quando olhamos para a incidência destes projetos constatamos a oportunidade das pessoas se autovalorizarem, tendo uma participação ativa na sociedade, mas simultaneamente verifica-se um reforço das instituições que lidam com estas problemáticas e nesse sentido estamos a beneficiar uma capacidade de atuação mais efetiva, mais eficiente e mais abrangente para combater a precariedade social”, acrescenta Carlos Farinha Rodrigues.
Para uma gestão autónoma do dia a dia
Os projetos premiados permitem a capacitação para a gestão autónoma do dia a dia, ajudando a desenvolver “valências de forma sustentada”, oferecendo horizontes para que estas pessoas desempenhem um conjunto de atividades ou tenham acesso a apoios que em circunstâncias mais comuns poderiam ser inexistentes. Desde terapias especializadas para tratar ou retardar avanços das incapacidades, promoção de serviços ao domicílio até à teleassistência as propostas são variadas e incluem também o desporto como passeios em bicicletas adaptadas ou a arte impulsionando o teatro inclusivo. Alguns projetos têm um toque de originalidade como a aposta na criação de um canal de televisão com a missão de capacitar pessoas com deficiência para a comunicação social e combater a exclusão, através do desenvolvimento dos seus próprios programas de televisão, em interação com a comunidade. Em comum, as iniciativas têm o dom de quebrar o isolamento social e os exemplos prosseguem: sessões de leitura, workshops de culinária ou atividades de jardinagem. A pensar também nas famílias um dos projetos inclui, por exemplo, a criação de uma residência temporária assistida, para estadias de curta duração de doentes neurológicos, porque os cuidadores também têm direito ao descanso.
A inclusão socioprofissional, com a promoção do emprego de pessoas com deficiência em atividades agrícolas como o cultivo de plantas aromáticas ou o negócio social de cogumelos, bem como a ocupação e empregabilidade de mulheres com doença mental na área da pastelaria constituem bases sólidas para uma maior proteção social, impulsionando a autonomia que é uma das grandes metas destes apoios.
Ser cada vez mais solidário
A edição do Prémio BPI Fundação “la Caixa” Capacitar 2023 “permitiu consolidar algumas tendências que já se verificavam em anos anteriores, em primeiro lugar a importância crescente das iniciativas que visam diretamente a inserção social de pessoas com deficiência: não estamos apenas perante projetos que permitem exclusivamente que vivam cada vez melhor, mas que garantem que se inserem com direitos plenos na sociedade”, salienta o membro do júri Carlos Farinha Rodrigues.
Um segundo aspeto relaciona-se com o facto de com “estes prémios estarmos a reforçar a componente social da intervenção de diversas instituições não só as organizações sem fins lucrativos, mas a rede social da zona que estão a intervir, as autarquias ou as próprias universidades que participam ativamente nestas várias iniciativas e que desta forma reforçam a componente de solidariedade coletiva que é tão importante para reduzirmos as situações de precariedade social e mesmo de pobreza”.
Um terceiro ponto, realçado pelo professor do ISEG, detém-se no “número cada vez maior de voluntários envolvidos nestes projetos que permitem uma maior disseminação do prémio, um maior entrosamento com a realidade que se vive em cada um dos locais em que estas instituições atuam, a disseminação da ideia de que a solidariedade social é algo extremamente importante não só para o BPI e Fundação “la Caixa”, mas para centenas de instituições que de uma forma empenhada assumem esta capacidade transformadora com o objetivo de melhorar a realidade das pessoas com maior desproteção social”. Para mudar o mundo no sentido de uma sociedade mais inclusiva.
Seleção rigorosa e mais humana
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Todas as candidaturas do Prémio Capacitar foram objeto de avaliação técnica e as mais pontuadas foram submetidas a exame complementar por um grupo de mais de duas dezenas de avaliadores colaboradores e reformados do BPI, em regime de voluntariado, uma prática inovadora que tem como objetivo enriquecer o processo de avaliação e o processo de humanização do Banco. A seleção final dos projetos foi realizada por um júri que analisou as candidaturas e fez uma avaliação criteriosa dos projetos no âmbito das linhas de ação estabelecidas.
Vencedores Prémio BPI Fundação “la Caixa” 2023 Capacitar – Ajudar quem ajuda
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1. Abrigo Seguro – Associação de Solidariedade Social
2. ALADI – Associação Lavrense de Apoio ao Diminuído Intelectual
3. ANEM – Associação Nacional de Esclerose Múltipla
4. ANPAR- Associação Nacional de Pais e Amigos Rett;
5. APCC – Associação De Paralisia Cerebral de Coimbra;
6. APCV – Associação de Paralisia Cerebral de Viseu;
7. APELA – Associação Portuguesa Esclerose Lateral Amiotrófica;
8. APPACDM de Santarém;
9. APPDA Setúbal;
10. APPDA-Lisboa, Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo;
11. Associação de Actividade Motora Adaptada;
12. Associação de Paralisia Cerebral da Madeira;
13. Associação de Socorros Mútuos Mutualista Covilhanense;
14. Associação Para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados da Lousã;
15. Associação Pró Cidadão Deficiente Integrado;
16. Associação Salvador;
17. BIPP – Inclusão para a Deficiência; C.E.C.D. Mira Sintra – Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência, CRL;
18. C.E.C.D. Mira Sintra – Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência, CRL
19. Casa de Santa Isabel;
20. CASCI – Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo;
21. Centro Ciência Viva de Proença-a-Nova;
22. Centro Comunitário de Esmoriz;
23. Cozinha com Alma;
24. CREACIL – Coop. de Reabilitação, Educação e Animação para a comunidade integrada do concelho de Loures, C.R.L.;
25. Fundação AMA Autismo;
26. Fundação UNITATE;
27. Grupo Mágico;
28. Pedalar Sem Idade;
29. Santa Casa da Misericórdia de Lousada;
30. Teatro Umano Associação Cultural;
31. TILIASCOOP – Formação & Reabilitação Psicosocial, CRL.