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No “dia da raiva”, em que o mundo islâmico está unido contra Israel, um jovem com cerca de 20 anos, mais tarde identificado como Mohammed Mogouchkov, com origem chechena entrou, esta sexta-feira de manhã, na escola secundária de Arras, no norte de França, gritou “Allahu Akbar” (em português, Alá é Grande) e matou um professor de literatura com o recurso a uma arma branca. Duas pessoas também ficaram feridas, que estão, de acordo com o canal de televisão BFMTV, “entre a vida e a morte”.

Martin Dousseau, um professor de filosofia na escola secundária de Arras, descreveu à Agence France-Presse o atacante, que nasceu na região russa da Chechénia, como sendo “atlético” e que esta sexta-feira entrou na escola “armado com duas facas”. “Ele atacou as pessoas da cantina, tentei intervir, ele depois perseguiu-me e perguntou-me se eu era professor de história. Percebi que era um ato político, mas penso que ele não estava à procura de ninguém em específico”, prosseguiu, indicando que depois conseguiu esconder.

À BFMTV, um professor de educação física, Fabien Dufay, indicou que o atacante tinha sido um antigo aluno naquela escola secundária. “Era um aluno normal”, caracterizou o docente, lembrando que parecia ser  “reservado e calmo”. “Nunca suspeitamos que os nossos estudantes ajam desta forma”, lamentou. A polícia francesa assinalou depois que o jovem de 20 anos já estava sinalizado por possível radicalização.

Após ter atacado um professor de literatura com uma faca, a polícia chegou à escola secundária, imobilizou o atacante e deteve-o, confirmou o ministro do Interior francês, Gerard Darmanin, na sua conta pessoal do X (antigo Twitter).

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O Presidente francês, Emmanuel Macron, dirigiu-se para o local juntamente com o ministro da Educação e da Juventude, Gabriel Attal, esperando-se uma reação nas próximas horas. A Assembleia Nacional anunciou que iria suspender o seu trabalho em solidariedade com as vítimas e fez um minuto de silêncio em sua homenagem.

“O professor que foi morto foi o que interveio primeiro. Provavelmente, salvou muitas vidas”, referiu o Presidente, na conferência de imprensa seguida da reunião com a equipa técnica da escola, citado pelo jornal francês Le Monde.

O colega que ficou gravemente ferido e o resto do pessoal demonstraram a mesma coragem. Quase três anos após o assassinato de Samuel Paty [professor morto num atentado terrorista], e num contexto que todos conhecemos, uma escola volta a ser alvo da barbárie do terrorismo islâmico”, lembrou Macron.

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Macron aproveitou ainda para deixar uma mensagem “de apoio da nação”, afirmando que “estamos unidos, na escolha de não ceder ao terror e de não deixar que nada nos divida”.

O ministro da Administração Interna falará às 20 horas locais (19 horas em Lisboa), “para explicar o que foi feito quando a polícia interveio e operou”, e o procurador nacional antiterrorismo também o fará “nas próximas horas”.

Entretanto, num momento em que o Chefe de Estado francês proibiu as manifestações pró-Palestina, e num dia em que o mundo islâmico está em manifestações contra Israel, o ministro da Educação ordenou que se tomem “todas as medidas” necessárias para “fortalecer a segurança de todos os estabelecimento de ensino” em França, em articulação com as autarquias.

O irmão do atacante, de 17 anos, também foi detido pelas autoridades de segurança francesas. A procuradoria nacional antiterrorismo anunciou igualmente que abriu uma investigação sobre este caso.

A vice-presidente da Câmara Baixa do Parlamento, Naima Moutchou, disse que a Assembleia Nacional “expressa a sua solidariedade e os seus pensamentos pelas vítimas, pelas suas famílias e pela comunidade educativa ao saber que um professor foi morto e vários outros ficaram feridos”.

A França entrou ainda esta sexta-feira em alerta de emergência após o ataque com faca em Arras, adiantou o gabinete da primeira-ministra.

A decisão foi tomada pela primeira-ministra Elisabeth Borne após uma reunião de segurança no Eliseu com o Presidente Emmanuel Macron, noticiou a agência France-Presse (AFP), acrescentando que há receio de contágio devido ao conflito entre Israel e o Hamas.

O procurador antiterrorismo francês adiantou que várias pessoas foram detidas, para além do principal suspeito do ataque.

Jean-François Ricard detalhou que entre os feridos estão um professor, um elemento da segurança e um trabalhador de limpeza.

Notícia atualizada às 19h45 com a identificação do jovem, as declarações de Emmanuel Macron, as informações relativas ao ministro da Administração Interna e do procurador nacional antiterrorismo e as declarações da primeira-ministra Elisabeth Borne