As declarações do Presidente da República ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal, de que alguns palestinianos “não deviam ter começado” a guerra com Israel, continuam a ser alvo de críticas. “Não foi feliz”, teve um “deslize”, consideraram Marques Mendes e Paulo Portas nos respetivos espaços de comentário televisivo este domingo.

“Acho que o Presidente não foi feliz [no comentário]. Não foi daqueles seus momentos mais felizes”, começou por dizer Marques Mendes este domingo no espaço de comentário semanal na SIC.

“Tempos de ser justos, o Presidente não teve qualquer intenção de confundir o Hamas com a Palestina, como de resto já tinha dito, e também não teve qualquer intenção de legitimar qualquer exagero de Israel, e tem havido vários. Também não esteve a contrariar a ideia da criação de dois estados. Agora, foi feliz ao expressar aquela ideia? Não acho que foi“, acrescentou o antigo líder do PSD, que já admitiu a possibilidade de vir a candidatar-se ao cargo de Presidente. “Acontece, mas era preferível não ter acontecido.”

Já Paulo Portas, que também é frequentemente apontado como um possível candidato presidencial, definiu as palavras de Marcelo como um “deslize”. “Sou testemunha, por muitas razões, de que o Presidente quando nos representa externamente o faz bem muito bem. Toda a gente pode ter um deslize e o que aconteceu foi isso mesmo”, afirmou.

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No espaço de comentário na TVI, o antigo vice-primeiro-ministro — que também já teve a pasta dos Negócios Estrangeiros — disse que bastaria o Presidente da República ter falado com o embaixador da Palestina em Portugal, “percebendo e sabendo que ele representa a Autoridade Palestiniana e não o Hamas, e a conversa teria sido diferente“. “Não foi a Autoridade da Palestina que atacou Israel, não foi a Autoridade da Palestina que fez um massacre em Israel, não foi a Autoridade da Palestina que assumiu os métodos do Hamas contra Israel”, sublinhou.

As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, na passada sexta-feira, durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, foram recebidas com várias críticas. Perante o chefe da missão diplomática da Palestina, o Presidente da República disse que “desta vez o radicalismo começou por parte de alguns palestinianos”, palavras que procurou esclarecer horas depois. “O que disse foi que, neste caso especifico, o ataque terrorista, como se deu, serviu de um pretexto”, explicou.

Marcelo explica declarações sobre início da guerra: “O que disse foi que o ataque terrorista serviu de pretexto”

Já este domingo, Marcelo garantiu que não houve alterações na posição portuguesa em relação à Palestina, mesmo após o “alarido”, como classificou, à volta dos comentários que fez ao embaixador da Palestina em Portugal.

“A posição portuguesa é a mesma e estamos firmes e atrás do senhor engenheiro Guterres e da posição das Nações Unidas”, explica Marcelo Rebelo de Sousa em declarações feitas em Belém, onde foi confrontando com manifestantes pró-Palestina.

Manifestantes confrontam Marcelo. Presidente responde que está do mesmo lado: “Contra o terrorismo, a favor de um estado palestiniano”