O Presidente da República diz que não houve alterações na posição portuguesa em relação à Palestina, mesmo após o “alarido”, como classificou, à volta dos comentários que fez ao embaixador da Palestina em Portugal.

“A posição portuguesa é a mesma e estamos firmes e atrás do senhor engenheiro Guterres e da posição das Nações Unidas”, explica Marcelo Rebelo de Sousa em declarações feitas em Belém, onde foi confrontando com manifestantes pró-Palestina. Aos jornalistas, lembra que “Portugal sempre esteve ao lado da posição que é a das Nações Unidas, que é a de que há direito a haver um Estado palestiniano”. “Não há hesitações”, garante.

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Nos jardins em frente ao Palácio de Belém, vários manifestantes trocaram palavras com o chefe de Estado, ouvindo-se palavras de ordem como “Marcelo, aprende a história da Palestina”. Apesar dos esforços das equipas de segurança, Marcelo Rebelo de Sousa circulou pelo centro da manifestação, fazendo questão de responder a diversos comentários.

A uma manifestante que criticou os comentários do Presidente ao embaixador da Palestina, dizendo que não se sentiu representada pela primeira figura do Estado naquela interação, Marcelo Rebelo de Sousa diz que a posição portuguesa no assunto “é contra o terrorismo, mas a favor de um Estado palestino”.

“Está contra o terrorismo ou não está? Está a favor de um  Estado palestiniano?”, pergunta Marcelo. “Então foi o que eu disse”, replica Marcelo Rebelo de Sousa.

Já a uma manifestante com um cartaz onde era possível ler “União Europeia tem sangue nas mãos”, que confrontou o Presidente da República com o comentário de que teria sido a Palestina a começar o conflito, Marcelo frisa que “não disse isso”. Nessa interação, o Presidente lembrou as palavras de António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, sobre como os conflitos  “não aconteceram do nada”.

Guterres: ataques do Hamas “não aconteceram do nada”. Povo palestiniano “foi sujeito a 56 anos de ocupação sufocante”

“É preciso criar um Estado palestiniano”, repetiu Marcelo Rebelo de Sousa, quando um manifestante disse que está a existir um genocídio em Gaza. “Diga a todos os portugueses que é a favor do Estado da Palestina, afirme claramente”, pede um manifestante ao chefe de Estado. “Ainda ontem disse, ainda hoje, tenho dito todos os dias.”

Outro momento mais tenso ocorreu quando um dos manifestantes confrontou o Presidente, repetindo “O senhor não é comentador, é o Presidente de todos os portugueses” e “O senhor fala demais”. Marcelo Rebelo de Sousa acabou por dizer “Deixe-me falar!”, acrescentando depois que “Portugal condenou o ato de terrorismo, mas é a favor da Palestina”. “Então afirme-o claramente”, pediu o manifestante. “Tenho-o dito todos os dias”, respondeu o Presidente, antes de se afastar.

Numa concentração onde se ouviram várias vezes a palavra genocídio, Marcelo Rebelo de Sousa diz que “nem é preciso ser genocídio, basta ser atentado contra vítimas civis, de qualquer das partes, isso vai contra o direito humanitário”.