O ex-primeiro ministro britânico David Cameron vai voltar ao governo, agora como ministro dos Negócios Estrangeiros. O regresso surge como parte de uma remodelação que também ditou a saída da ministra da Administração Interna britânica, após críticas à atuação da polícia numa manifestação pró-palestiniana.

A demissão acontece na sequência da polémica relacionada com um artigo crítico da polícia britânica publicado na semana passada sem a aprovação do primeiro-ministro, Rishi Sunak.

No artigo, Braverman acusou a polícia de “favoritismo” por permitir uma manifestação pró-palestiniana no sábado, a qual descreveu como “bando de pró-palestinianos” e “manifestantes pelo ódio”.

Vários políticos consideraram que a posição contribuiu para os confrontos violentos de grupos de extrema direita com a polícia em contraprotestos à manifestação, que resultaram em 126 detidos.

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A saída insere-se num quadro de uma remodelação mais abrangente no governo de Rishi Sunak. O primeiro-ministro britânico vinha sendo cada vez mais pressionado para substituir Braverman.

Uma figura polémica dentro do executivo, vinha sendo ligada à ala mais radical do Partido Conservador, tendo protagonizado várias declarações polémicas desde que assumira a pasta, ainda com a anterior chefe de governo, Liz Truss. Chegou mesmo a demitir-se, temporariamente, após ter sido noticiado que enviou um documento sensível através do seu e-mail pessoal, algo que violava o Código Ministerial do país (dias depois, foi reconduzida por Sunak).

A saída de Braverman coincidiu com uma renovação no executivo britânico. Esta segunda-feira, além da ministra da Administração Interna, Rishi substituiu ainda os responsáveis pela Educação e pelos Negócios Estrangeiros, bem como o sub-secretário de Estado de Saúde Pública.

A maior novidade destas mudanças surgiu, precisamente, no Ministério dos Negócios Estrangeiros: David Cameron, antigo primeiro-ministro entre 2010 e 2016, entra para o governo de Rishi Sunak. Cameron substitui James Cleverly, que foi nomeado como sucessor de Braverman à frente do Ministério da Administração Interna.

O antigo chefe do governo, afastado da política desde que saiu de Downing Street em 2016, como consequência dos resultados do referendo do Brexit que ditaram a saída do Reino Unido da União Europeia, já fez a primeira declaração pública sobre a nomeação, com uma publicação na rede social X:

Nomeando como principais desafios internacionais “a guerra na Ucrânia e a crise no Médio Oriente”, Cameron sublinhou a importância de fortalecer a relação do Reino Unido com os seus aliados. Uma tarefa que, diz, a sua experiência pode ajudar a concretizar. “Ainda que tenha estado afastado da política ativa nos últimos sete anos, espero que a minha experiência, enquanto líder dos conservadores durante onze anos e primeiro-ministro durante seis, possa ajudar o atual primeiro-ministro a estar à altura destes desafios vitais”, pode ler-se.