Vários membros da equipa de investigação da OpenAI, a criadora do ChatGPT, escreveram uma carta ao conselho de administração da companhia alertando para uma descoberta que pode contribuir para a inteligência artificial geral (AGI), avança a Reuters. A AGI é um patamar em que os sistemas autónomos poderão ultrapassar os humanos num amplo leque de atividades, considerado por alguns analistas como o estágio que pode constituir uma ameaça.
A carta, revelada pela Reuters citando fontes anónimas, terá chegado ao conselho de administração antes de quatro membros decidirem despedir o CEO, Sam Altman, na sexta-feira passada. Publicamente, o afastamento foi justificado por “uma quebra nas comunicações” e falta de confiança.
OpenAI. Investidores ponderam processar conselho de administração pelo despedimento do CEO
Agora, as fontes ouvidas pela Reuters explicam que na carta eram revelados desenvolvimentos relevantes nos algoritmos com impacto na humanidade e que terá sido uma das razões que levaram ao despedimento de Altman, o principal rosto do “boom” da IA, além das preocupações com a comercialização de ferramentas desenvolvidas pela empresa antes de se perceber todas as consequências.
A OpenAI não comentou a notícia da Reuters. Porém, depois do contacto da agência, terá reconhecido internamente, através de uma mensagem aos funcionários, a existência de uma comunicação ao conselho de administração e de um projeto chamado Q* (Q-Star). Um porta-voz da OpenAI disse à Reuters que a mensagem aos trabalhadores, assinada pela diretora de tecnologia Mira Murati, pretendia alertar para “algumas notícias” que pudessem ser publicadas, mas não indicava a precisão da informação.
A agência noticiosa não cita o conteúdo da carta, mas indica que o Q* já terá conseguido resolver problemas matemáticos, um dos calcanhares de Aquiles do modelo da OpenAI, revolucionando, assim, os avanços na inteligência artificial.
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Atualmente, os modelos da OpenAI, que alimentam serviços como o ChatGPT, geram texto e fazem traduções através de estatística – ou seja, quando começa a escrever uma palavra sugere, de seguida, o que considera que deve vir a seguir com base em probabilidades. Por exemplo, se fizer uma pergunta ou um pedido sobre um Elvis, a palavra com maior probabilidade de surgir nesse contexto será Presley.
Mas na matemática é diferente, já que só existe uma resposta certa. Em dezembro do ano passado, na altura em que se viviam as primeiras semanas da febre do ChatGPT, o académico Arlindo Oliveira explicou ao Observador que o modelo tinha “resultados relativamente errados” em cálculos matemáticos, como as contas de multiplicação. “Não tem capacidade de raciocínios elaborados e sequenciais, tudo o que gera é a partir de dados.”
Sam Altman, o CEO e co-fundador da OpenAI foi despedido na sexta-feira. Após alguns dias e até o anúncio de uma contração pela Microsoft, foram retomadas as negociações, que culminaram com o anúncio do regresso ao cargo de CEO da OpenAI.