Parte dos investidores da startup OpenAI estará a considerar a possibilidade de avançar com um processo contra o conselho de administração da empresa devido ao despedimento de Sam Altman, avança a Reuters. Na sexta-feira, o CEO da criadora do ChatGPT foi despedido de surpresa, depois de quatro membros do conselho de administração se unirem para afastá-lo da liderança.

De acordo com a Reuters, os investidores estão a trabalhar com especialistas legais para estudar as próximas ações. As fontes ouvidas pela agência relatam que o despedimento de Altman e o afastamento do co-fundador Greg Brockman, ambos já contratados pela Microsoft, poderá levar a um enfraquecimento da posição da OpenAI no mercado da inteligência artificial (IA). A ameaça de demissões da grande maioria dos funcionários da OpenAI (747 num total de 770 pessoas), que dizem que pretendem ir trabalhar para a Microsoft se não houver demissão do “board”, também não ajudou a acalmar os ânimos.

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Perante este cenário de impasse na OpenAI, os investidores receiam perder “centenas de milhões de dólares” que já investiram na companhia. Não são identificados os investidores, mas é sabido que a Microsoft tem o maior investimento – a dona do Windows já canalizou pelo menos 11 mil milhões de dólares para a startup. A Reuters avança que a Microsoft deverá controlar agora 49% da OpenAI, sendo que os restantes 49% pertencem a outros investidores e trabalhadores e 2% à empresa sem fins lucrativos que é a casa-mãe da OpenAI.

Sam Altman foi despedido por uma “quebra de comunicação” com o conselho de administração, que considerou que o ex-CEO não estava a ser franco com o grupo. O “board” da OpenAI é constituído pelo co-fundador e chefe de investigação de IA Ilya Sutskever, Adam D’Angelo, da Quora, a empreendedora tecnológica Tasha McCauley, e Helen Toner, do Centro de Segurança e Tecnologia Emergentes da universidade de Georgetown. Até à passada sexta-feira, também Sam Altman e Greg Brockman tinham assento no ‘board’.

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A principal investidora da OpenAI continua a prestar declarações e a dar entrevistas ligadas à parceria com a startup, passando sempre a mesma mensagem – a parceria entre as duas é mesmo para continuar. Se na manhã desta segunda foi anunciada a contratação de Altman e Brockman para liderarem um laboratório de investigação avançada de IA na Microsoft, ao fim do dia já se especulava sobre a possibilidade de os dois regressarem à OpenAI.

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Em entrevista à Bloomberg, Satya Nadella, CEO da Microsoft, garantiu que querem continuar a trabalhar com Altman, seja onde for. “Independentemente de onde ele esteja, está a trabalhar com a Microsoft”, explicou Nadella. Questionado sobre se a dupla da OpenAI já faz parte dos trabalhadores da tecnológica, explicou que ainda estão a ser ultimados os pormenores.

Num cenário em que Altman passe efetivamente para a Microsoft, vai ter autonomia para poder continuar noutros projetos, notou Nadella. Além da OpenAI, Sam Altman tem mais projetos, incluindo a Worldcoin, que quer atribuir uma moeda digital apenas por se provar que se é humano.

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Mas, independentemente do que aconteça nos próximos dias, a Microsoft não está interessada na repetição de uma crise. “As surpresas são más e só queremos garantir que as coisas são feitas de uma forma que nos permite ter uma parceria em condições”, vincou Satya Nadella. Ter mudanças grandes sem ter a principal investidora a par “não é bom” e a empresa quer “definitivamente garantir que algumas das mudanças”, nomeadamente a nível de governança.

Satya Nadella explicou que “não recebeu qualquer informação” sobre as razões para o afastamento de Sam Altman. “O ‘board’ não disse mais nada sem ser a quebra de comunicação, ninguém me disse nada sobre qualquer questão [de segurança ou de má gestão], portanto estou confiante nas suas capacidades e é por isso que o queremos na Microsoft.”