André Ventura queria protagonizar uma conferência de imprensa na Assembleia da República acompanhado por Marine Le Pen e o presidente da AfD alemã mas foi “obrigado“, segundo diz o próprio, a mudar a iniciativa para uma sala do grupo parlamentar do Chega. A Assembleia da República diz que “os espaços disponíveis na AR para a realização de conferências de imprensa são para uso exclusivo dos deputados, de membros do Governo que compareçam na AR no cumprimento dos seus deveres perante o Parlamento e de membros de delegações estrangeiras em visita oficial”.

O programa do encontro do ID — a futura família europeia do Chega — tem sofrido várias alterações desde que foi inicialmente conhecido e, pelo meio, o partido tinha colocado no programa uma “receção na entrada principal da Assembleia da República” à “representante do Rassemblement National, Marine Le Pen e de Tino
Chrupalla, Presidente da AfD” seguido de uma “conferência de imprensa conjunta” que estaria marcada para os Passos Perdidos — local onde habitualmente os deputados fazem declarações rápidas à imprensa.

Já esta quarta-feira, uma versão atualizada do programa dava conta de que a conferência vai decorrer esta sexta-feira às 13h30, como planeado, mas na sala Acácio Lino, uma das que estão destinadas ao grupo parlamentar do Chega. Mais tarde, quando questionado pelos jornalistas, André Ventura adiantou que “o presidente da Assembleia da República, os serviços da Assembleia da República não autorizaram” a conferência de imprensa em espaços comuns e “obrigaram-nos a transferir para uma sala que seja do grupo parlamentar”.

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Num esclarecimento enviado ao Observador, o gabinete de Augusto Santos Silva indica que “o grupo parlamentar do Chega solicitou aos serviços da AR um pedido de autorização para a realização de uma conferência de imprensa conjunta com entidades exteriores à Assembleia da República”, mas que esses locais são destinados exclusivamente a “deputados, membros do Governo que compareçam na AR no cumprimento dos seus deveres perante o Parlamento e de membros de delegações estrangeiras em visita oficial à Assembleia da República”, o que inviabiliza o pedido.

André Ventura adiantou que os serviços do Parlamento — a secretaria geral –, autorizaram o presidente do Chega a falar mas não os representantes estrangeiros, o que para Ventura “seria uma falta de educação trazê-los para aqui sem poderem responder a perguntas”. Apesar de frisar várias vezes que “não tinha noção do precedente, se já aconteceu ou não”, André Ventura referiu que “já aconteceu, várias vezes, pessoas que não são deputados estarem aqui [nos Passos Perdidos]”, referindo presenças, sem especificar quando, de Hugo Soares e de Luís Montenegro.

Apesar de ser uma situação rara, já aconteceu dirigentes partidários que não são deputados falarem aos jornalistas nos Passos Perdidos ou até na sala de conferências de imprensa. No caso de Luís Montenegro e Hugo Soares, que não sendo deputados estão com frequência no Parlamento, têm optado por falar à porta da sala do grupo parlamentar do PSD.

Antes da rejeição desta conferência de imprensa num espaço comum, Augusto Santos Silva já tinha dito aos microfones da Antena 1 que “os deputados são livres de convidar quem entenderem e se cumprirem as regras de segurança não carecem de autorização do Parlamento” mas sobre a conferência de imprensa remeteu uma posição para mais tarde.

Este encontro do ID que decorre esta quinta e sexta-feira em Lisboa integra, para além deste momento no Parlamento, um jantar fechado à imprensa e ainda um encontro público, na sexta-feira, com a participação do presidente do partido Gerolf Annemans, de André Ventura e Rita Matias e ainda de Marine Le Pen, entre outros dirigentes de partidos da mesma familia europeia.