Abandonou Cuba, a ilha em que nasceu, em 1964. Desiludida com a revolução e em rota de colisão com as ideias políticas dos irmãos Raul e Fidel, Juanita Castro vivia há 58 anos em Miami. E foi num hospital deste estado norte-americano que morreu esta segunda-feira a irmã mais nova do clã Castro, uma informação que foi avançada nas redes sociais pela sua porta-voz, María Antonieta Collins.

“É a notícia que nunca quis dar, mas que, como a sua porta-voz nas últimas três décadas da sua vida, tenho de comunicá-la. Aos 90 anos de idade, abandonou-nos Juanita Castro, uma mulher excecional, uma lutadora incansável pela causa da sua Cuba que tanto amou. A sua irmã Enma e a sua família estendida pedem privacidade neste momento tão doloroso”, escreveu María Antonieta Collins na sua conta pessoal do Instagram, avisando que as cerimónias fúnebres serão privadas.

A imprensa cubana escreve que a mulher de 90 anos morreu de causas naturais. Em Miami, longe da ribalta, Juanita Castro abriu e geriu uma farmácia, na qual trabalhou durante décadas. Mesmo tentando manter-se afastada da vida política, a irmã mais nova dos Castro sublinhava que a sua vida era um “paradoxo”.

“Sem dúvida, sofri muito no exílio porque em nenhuma parte do estreito da Florida me davam tréguas. Para muitos em Miami sou uma ‘persona non grata’ por ser a irmã do Fidel e do Raul. Para os de Cuba, sou uma desertora porque me fui embora e denunciei o regime instaurado”, escreveu Juanita Castro, citada pelo jornal espanhol ABC.

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Nascida a 6 de maio de 1933 em Birán, Juanita Castro especializou-se na área do comércio no colégio de freiras da ordem das irmãs ursulinas em La Havana. Após ter estudado na capital cubana, a mulher voltou para a sua terra, onde abriu um cinema.

Politicamente, Juanita Castro opôs-se, tal como os irmãos, à ditadura de Fulgencio Batista e juntou-se ao movimento 26 de julho, fundado em 1954. Devido à perseguição policial pró-regime, a jovem abandonou Cuba e viveu em Miami durante um ano, de onde continuou a ajudar Fidel e Raul Castro.

Voltou a Cuba em janeiro de 1959, mas foi novamente perseguida pela polícia política de Fulgencio Batista. Pediu então asilo à embaixada brasileira de Havana, tendo recebido proteção diplomática até os irmãos tomarem o poder. Não obstante, Juanita Castro ficou desiludida com a revolução.

Através da embaixada de Brasil em Cuba, foi contactada pela CIA e colaborou com os serviços de informações norte-americanos contra o regime dos Castro. Ajudou a esconder perseguidos políticos e tentou apoiar as freiras que foram expulsas de território cubano; aliás, juntou-se a um grupo abertamente contra o regime, a Ação Católica Cubana. 

Em 1964, Juanita Castro refugia-se no México, mas partiu para os Estados Unidos. Neste país, tentou ajudou os exilados políticos e fez parte de movimentos contra o regime. No entanto, cedo abandonou a política e preferiu focar-se nos negócios.