O líder cessante socialista, António Costa, afirmou, esta sexta-feira, que não dará conselhos de bancada ao seu sucessor no cargo de secretário-geral do PS, nem vai andar por aí a opinar sobre a situação política. António Costa falava aos jornalistas depois de ter votado em Lisboa nas eleições para a escolha do novo secretário-geral do PS, que decorrem até sábado e que são disputadas entre as candidaturas de José Luís Carneiro, Pedro Nuno Santos e Daniel Adrião.

Interrogado sobre qual a prioridade política que sugere que o novo secretário-geral do PS assuma a partir deste domingo, António Costa começou por responder de forma seca: “Aquela que ele escolher”. “Não vou ficar aqui a dar conselhos de bancada. A minha etapa está corrida. Não vou andar por aí a opinar e a dizer o que os outros devem ou não fazer, a escrever artigos. Estou de consciência tranquila, desejo o maior sucesso àquele que me suceder a partir de sábado”, declarou.

Segundo António Costa, se o novo líder alguma vez o questionar sobre um determinado tema, dará a sua opinião “com todo o gosto”. “Mas não vou dar conselhos de bancada. Essa não é a minha tarefa”, salientou.

Antes, António Costa foi questionado sobre como encara um possível regresso do seu antecessor no cargo, António José Seguro, à primeira linha da atividade política. “Vejo a participação de qualquer militante na política ativa como um bom sinal. Se o António José Seguro agora tem de novo vontade de participar ativamente na vida política, isso é uma excelente notícia”, considerou.

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Costa diz-se “honrado e agradecido” por declarações “simpáticas” de Marcelo

Em relação aos três candidatos que disputam o cargo de secretário-geral do PS, António Costa referiu que sempre dissera que não iria tomar qualquer posição sobre quem deveria ser o seu sucessor. “Acho que algo importante que fiz como secretário-geral do PS foi dar oportunidades àqueles que são os melhores quadros para que se poderem afirmar e poderem crescer, porque tinha bem consciência que eu era o último de uma geração. Portanto, era preciso fazer uma transição geracional”, sustentou.

Neste ponto, indicou que o antigo líder do PS e atual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez o mesmo na década de 90, “dando oportunidade a quadros novos” deste partido. “Temos três candidatos a secretário-geral do PS, dois dos quais com uma experiência extraordinária a todos os níveis, quer autárquica, quer governativa. Comparando com as propostas da oposição, penso que eles dão uma grande confiança aos portugueses, que seguramente estarão em boas mãos qualquer seja quem ganhe”, advogou o líder cessante dos socialistas.

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Questionado como iria conviver o novo secretário-geral do PS se a solução não fosse pela dissolução do parlamento e realização de eleições antecipadas, mas, em alternativa, a de se designar um primeiro-ministro fora do quadro partidário, António Costa assinalou que essa solução não se chegou a colocar “porque o Presidente da República entendeu que não era a melhor”. “Cada um dos portugueses terá a sua opinião. Agora, é absolutamente indiferente o que aconteceu”, alegou.

Na perspetiva do líder cessante dos socialistas, “o que importa é o que vai acontecer, tendo no horizonte eleições no dia 10 de março”. “Para isso é fundamental que o PS se mobilize, se dirija aos portugueses, diga ao que vai, diga o que de bom é necessário prosseguir, o que foi feito de errado e o que deve ser corrigido. Quem vier, deve ter toda a liberdade de reinventar aquilo é necessário ser reinventado”, sustentou.

Sobre a reunião que terá com o novo líder eleito do PS, no domingo, adiantou: “No domingo, ao meio-dia, lá estarei no [Largo do] Rato para receber o novo secretário-geral do PS, manifestar-lhe todo o meu apoio, a minha solidariedade, que é a solidariedade e o apoio que todos os socialistas, independentemente de como votarem hoje [esta sexta-feira] e no sábado darão ao secretário-geral do PS”, acrescentou.

Costa considera absolutamente especulativa hipótese de ser presidente do Conselho Europeu

Aos jornalistas, o primeiro-ministro considerou absolutamente especulativa a hipótese de ser eleito presidente do Conselho Europeu, salientou que o seu regresso a cargos políticos depende de instâncias judiciais, mas frisou que não meteu os papéis para a reforma.

Interrogado se poderá ser o próximo presidente do Conselho Europeu, António Costa declarou que “é absolutamente especulativo neste momento estar a teorizar sobre essas matérias”. “Estou a exercer as funções de primeiro-ministro — e continuarei a exercer, pelo menos, até ao dia 28 de março, se tudo correr dentro dos prazos normais. É aí que estou focado. O que vai acontecer depois, não depende de mim, mas de outras instâncias”, disse, numa alusão ao inquérito judicial de que corre contra si no Supremo Tribunal de Justiça.

Marcelo diz que Costa era o seu preferido no PS e considera que pode presidir ao Conselho Europeu

António Costa defendeu a seguir que se deve respeitar essas instâncias, “dar-lhes o tempo que necessitarem”. “Quero que nenhuma dúvida subsista a meu respeito, que utilizem o tempo que necessitarem e que tudo fique esclarecido. Até lá, reservo-me ao direito de autolimitar-me em tudo o que posso e não posso fazer. Mas uma coisa é certa: Não tenho idade para meter os papéis para a reforma, nem vontade de meter os papéis para a reforma”, acentuou.

Confrontado com notícias de que o Supremo Tribunal e Justiça poderá acelerar o seu inquérito, o líder do executivo referiu desconhecer, dizendo que continua sem qualquer informação relativamente a esse processo. “Não faço a menor ideia. Só sei desse processo através da comunicação social”, declarou.

Questionado uma vez mais com declarações elogiosas que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez sobre si, na quinta-feira, dando a ideia de que poderia ser o presidente do Conselho Europeu, o primeiro-ministro voltou a dizer que ainda não as ouviu. “Já me disseram que eram simpáticas, já agradeci, e acho que é muito simpático se forem essas palavras”, acrescentou.