A divulgação de um vídeo, no The Daily Center, um site de notícias de direita, de dois homens a terem sexo na sala de audiências do Judiciário do Senado dos Estados Unidos da América (EUA), a Hart 226, levou o senador democrata Ben Cardin, de Maryland, a demitir um dos seus assessores.

Com a difusão da filmagem pelas redes sociais, um largo número de utilizadores de direita mencionaram Aidan Maese-Czeropski, assessor parlamentar de 24 anos, como um dos homens no vídeo e como o autor da gravação, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

A demissão do assessor foi anunciada pelo gabinete de Ben Cardin, através de uma declaração ao Politico: “Aidan Maese-Czeropski não é mais um funcionário do Senado dos EUA. Não teremos mais comentários sobre este assunto pessoal.”

Aidan Maese-Czeropski também publicou uma declaração através da rede social LinkedIn, em que nega as acusações: “Embora algumas das minhas ações no passado tenham revelado falta de discernimento, amo o meu trabalho e nunca desrespeitaria o meu local de trabalho.”

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Na declaração, e sem referir o vídeo, o agora ex-assessor afirma ainda que pretende “explorar as opções legais disponíveis” nestas situações, indicando que pode contestar o despedimento.

Além disso, na mesma publicação, Maese-Czeropski manifestou-se relativamente a uma outra acusação, não relacionada com o assunto da sua demissão, depois de um funcionário ter alegadamente gritado “libertem a Palestina”, enquanto o congressista Max Miller, judeu, falava a um jornalista. O assessor agora demitido também nega estar relacionado com esse incidente, garantindo que “nunca viu o deputado”.

Entretanto, a polícia do Capitólio disse não poder “confirmar pormenores sobre as pessoas no vídeo”, mas tem conhecimento do caso e encontra-se a investigá-lo.

A Hart 226, sala de audiências do Judiciário do Senado norte-americano, onde aconteceu a cena registada na gravação, carrega um forte simbolismo histórico: foi cenário das audiências do Congresso sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001; o local onde a juíza Sonia Sotomayor foi nomeada a primeira mulher hispânica a pertencer ao Supremo Tribunal; e onde James Comey, antigo diretor do FBI, testemunhou àcerca da alegada interferência russa nas eleições de 2016, que elegeram Donald Trump como 45.º Presidente dos EUA.

Maese-Czeropski corre ainda o risco de vir a ser alvo de uma queixa judicial, segundo Jonathan Turley, professor e advogado na Universidade de Direito George Washington. Uma possível acusação pode ser feita ao abrigo da legislação local como “atos lascivos, indecentes ou obscenos”, referiu Turley.

O local escolhido e o intuito da filmagem podem representar um problema legal. O advogado e professor salienta a possibilidade da polícia do Capitólio “argumentar que isto constitui uma usurpação ou utilização de propriedade do governo para fins pessoais”.

“O fator-chave é o facto de este vídeo ter sido feito com a intenção aparente de ser publicado ou mostrado a outros”, acrescentou.