O Reino Unido, a França e a Alemanha acusaram na segunda-feira o Irão de desenvolver e testar mísseis balísticos, transferir centenas de drones para a Rússia e enriquecer urânio, em violação de resoluções da Organização das Nações Unidas.

O Irão e o seu aliado, a Rússia, rejeitaram as acusações dos três países europeus, que mereceram o apoio dos Estados Unidos. Washington retirou-se em 2018 de um acordo assinado três anos antes, que visava garantir que Teerão não pudesse desenvolver armas atómicas.

Nos termos do acordo, o Irão prometeu limitar o enriquecimento de urânio apenas aos níveis necessários para a utilização em centrais nucleares, em troca do levantamento de sanções económicas.

As acusações foram feitas numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a implementação de uma resolução que apoiava o acordo nuclear de 2015.

Tanto o embaixador do Irão na Organização das Nações Unidas, Amir Iravani, como o embaixador da Rússia, Vassily Nebenzia, culparam a retirada dos Estados Unidos do acordo, as sanções ocidentais e uma posição “anti-Irão” pelo atual impasse.

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Amir Iravani disse que o Irão está autorizado a enriquecer urânio para fins pacíficos ao abrigo do Tratado de Não Proliferação Nuclear, e Nebenzia rejeitou alegadas provas de que a Rússia está a utilizar drones iranianos Shahed na Ucrânia.

Após a retirada dos Estados Unidos da América do acordo, uma decisão do então Presidente Donald Trump, o Irão tem vindo a subir os níveis de enriquecimento de urânio até 60%, próximo do nível necessário para equipar armas atómicas, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).

Na reunião de segunda-feira, a subsecretária-geral da Organização das Nações Unidas para Assuntos Políticos e de Consolidação da Paz sublinhou que o secretário-geral da organização, António Guterres, ainda considera o acordo “a melhor opção disponível para garantir que o programa nuclear iraniano permaneça exclusivamente pacífico”.

Rosemary DiCarlo instou o Irão a inverter o rumo, tal como fizeram os três países europeus que emitiram uma declaração conjunta citando a Agência Internacional de Energia Atómica e afirmando que as reservas de urânio enriquecido do Irão são 22 vezes superiores ao limite fixado no acordo de 2015.

Reservas de urânio enriquecido do Irão estão 22 vezes acima do limite autorizado

“Não há qualquer justificação civil credível para o estado do programa nuclear do Irão”, afirmaram Reino Unido, França e Alemanha. “A trajetória atual apenas aproxima o Irão das capacidades relacionadas com armas”, acrescentaram.

O Irão está sujeito a um grande número de sanções impostas por vários governos e organizações internacionais, que acusam o país de apoiar o terrorismo e de atacar navios norte-americanos no Golfo Pérsico.