O Bloco de Esquerda (BE) solicitou, esta quarta-feira, a audição urgente da ministra do Trabalho sobre a situação dos trabalhadores do Global Media Group (GMG), tendo pedido para ouvir o ministro da Cultura sobre o mesmo tema e sobre a estrutura acionista da Lusa.

Os dois requerimentos foram, esta quarta-feira, entregues na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, pretendendo o partido que os mesmos sejam apreciados na reunião de quinta-feira.

Sobre a situação no Global Media Group, os bloquistas referem que este grupo “atravessa uma situação de enorme instabilidade”, havendo trabalhadores com salários em atraso, contratos que não são renovados e anúncios de despedimentos.

Estão, por isso, em causa os direitos dos seus trabalhadores bem como a qualidade e a sobrevivência de importantes títulos da comunicação social portuguesa“, alerta o BE.

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Para os bloquistas, ouvir no parlamento a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e a Autoridade para as Condições do Trabalho sobre “o desrespeito pelos trabalhadores do Global Media Group” é fundamental para o parlamento, pedindo por isso que estas audições sejam marcadas com caráter de urgência.

Num outro requerimento, os bloquistas pedem ainda “a audição urgente do ministro da Cultura sobre o Global Media Group e a estrutura acionista da Lusa“.

Global Media diz que “interferência política” ditou fracasso da venda da posição da Lusa

“Quando os acionistas da Global Notícias – Media Group, S.A., e da Páginas Civilizadas, Lda., manifestaram interesse em alienar as suas participações sociais na Lusa, o Governo mostrou disponibilidade para negociar a adquirir uma posição mais significativa na estrutura acionista da agência noticiosa“, refere o requerimento.

De acordo com o texto, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças apresentou, em 22 de novembro de 2023, “uma proposta formal de aquisição, que incluía a liquidação integral da dívida do grupo Global Media à Lusa”, mas entretanto “o ministro da Cultura foi informado a 30 de novembro da posição do PSD de que qualquer decisão deveria ser tomada pelo próximo Governo”, o que ditou que o executivo socialista tenha decidido que já não havia condições para concluir esta operação.

“Uma vez mais, é importante lembrar que o Global Media Group, no seguimento de um processo de reestruturação acionista, é agora controlado pelo fundo World Opportunity Fund, um fundo de investimento, sediado nas Bahamas, cujo capital se desconhece”, refere ainda.

A presença deste fundo, através do GMG, na estrutura acionista da Lusa “é motivo de grande preocupação”, segundo o BE.

“O recuo do Governo sobre o aumento da sua participação na Lusa é, por todas estas razões, bastante preocupante. Sendo igualmente importante criar uma situação de maior transparência sobre a propriedade de um Global Media Group, que detém importantes títulos da comunicação social portuguesa”, justificam.

Também o PCP anunciou, esta quarta-feira, que vai requerer audições urgentes com os ministros da Cultura e do Trabalho sobre a reestruturação do Global Media Group e a aquisição da participação da Agência Lusa por parte do Estado.