Pelo menos seis agentes da polícia morreram, esta segunda-feira, e 22 ficaram feridos numa explosão cujo alvo era um camião da polícia que escoltava uma equipa sanitária encarregada da vacinação contra a poliomielite no noroeste do Paquistão.
Em causa está um ataque entretanto reivindicado pelo Taleban paquistanês, grupo de talibãs paquistaneses também conhecido por Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP), descreve a agência de notícias AP.
“Um camião que transportava polícias foi atingido por uma bomba às 08h50” (04h50 em Lisboa), disse à agência de notícias EFE um agente da polícia do distrito de Bajaur, na província de Khyber Pakhtunkhwa, onde ocorreu o ataque. O ataque aconteceu no antigo reduto do Taleban paquistanês de Mamund, na província de Khyber Pakhtunkhwa, na fronteira com o Afeganistão, disse o oficial da polícia Kashif Zulfiquar.
Como resultado, seis agentes foram mortos e 22 ficaram feridos, disse Aziz Khan. De acordo com a fonte, alguns dos policiais feridos estão em estado crítico a ser acompanhados num hospital governamental.
Zulfiquar acrescentou que a campanha foi interrompida na área onde ocorreu o ataque e que todos os trabalhadores estão seguros. É expectável que as campanhas continuem em outras partes do país.
A comitiva policial ia instalar um dispositivo de segurança para as equipas do programa de vacinação em todo o país contra a poliomielite, que prevê imunizar mais de 44,3 milhões de crianças, noticiou a televisão paquistanesa Geo TV.
O camião, que transportava cerca de 25 agentes, “foi alvo de um dispositivo explosivo improvisado”, disse à agência de notícias France-Presse Anwar ul Haq, funcionário administrativo no distrito de Bajaur.
As vacinas são vistas no Paquistão, onde abundam as teorias da conspiração, como parte de um plano ocidental para esterilizar as crianças muçulmanas.
Há anos que os militantes islâmicos, particularmente os talibãs paquistaneses do Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP), têm como alvo as equipas de vacinação contra a poliomielite e os agentes da polícia que garantem a segurança.
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Num comunicado, os talibãs paquistaneses assumiram a responsabilidade pelo ataque que ocorreu horas depois de as autoridades terem lançado a primeira campanha contra a poliomielite do novo ano.
O Taleban paquistanês é um grupo separado, mas um aliado próximo dos talibãs afegãos que tomaram o poder no Afeganistão em agosto de 2021, quando as tropas dos EUA e da NATO estavam nos estágios finais de sua retirada do país após 20 anos de guerra.
Muitos líderes e combatentes do TTP encontraram refúgios no Afeganistão desde a tomada do poder pelos talibã, o que também encorajou o TTP a realizar mais ataques às forças de segurança no Paquistão.
De acordo com a imprensa paquistanesa, mais de 70 funcionários que integram a campanha contra a poliomielite foram mortos desde 2012, principalmente em Khyber Pakhtunkhwa, onde o TTP está mais enraizado.
Em novembro de 2022, o TTP reivindicou um atentado suicida, no oeste do Paquistão, contra um camião policial que servia de escolta a uma equipa sanitária encarregada da vacinação contra a poliomielite, num ataque que causou três mortos e 23 feridos.
O Paquistão e o Afeganistão são os únicos países do mundo onde a poliomielite continua endémica. No ano passado, foram detetados pelo menos seis novos casos de poliomielite no Paquistão, quase todos no noroeste, onde os pais muitas vezes se recusam a vacinar as crianças. O surto foi um duro golpe nos esforços do país para erradicar a doença, que pode causar paralisia grave em crianças.
Em 2021, o Paquistão notificou apenas um caso, aumentando a esperança de estar perto da erradicação da poliomielite, mas outros casos começaram a ser detetados, apesar dos esforços contra a doença.